Tem mais gente atacada na cidade do que imagina o cidadão comum. Nos jornais de hoje, dois casos de violência gratuita são comentados, e atribuídos à doideira do trânsito de São Paulo. Seriam o trânsito caótico e o excesso de carros os únicos responsáveis por essas demonstrações de violência? Ora, os jornais tratam as pessoas como se elas fossem só motoristas na vida. Os outros problemas não contam. Será? A pessoa tá na pior: a mulher não quer saber de sexo, o marido arrumou uma amante novinha, o cheque especial estourando, a sogra infernizando, o cunhado tirando o maior sarro pelo rebaixamento do seu time, os filhos pedindo coisas cada vez mais sofisticadas e caras, o colega de trabalho na espreita pra puxar o tapete, o chefe que não larga do pé, a gastrite atacando, a mãe exigindo atenção, as metas impossíveis que a empresa impôs...
Enfim, não tem fim a lista de problemas que as pessoas enfrentam no dia-a-dia e que provocam uma sobrecarga que nem todo mundo tá preparado pra enfrentar. E é óbvio que não dá pra computar tudo na conta do trânsito, não é mesmo? É simplificar demais a coisa. E quem mora numa cidade pacata? Não tem direito a um ataque de fúria de vez em quando?
Lembram do Michael Douglas no seu dia de fúria? Teria sido o trânsito?
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