sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Fotógrafos que ajudam a resgatar a cidadania


O que é que João Roberto Ripper e Miguel Chikaoka têm em comum, além de serem fotojornalistas de primeira? O primeiro vive no Rio, o segundo, em Belém, mas a trajetória dos dois é bem similar. Ambos tornaram-se ícones do fotojornalismo ao documentar os movimentos sociais e a vida das populações marginalizadas. De um lado, o Ripper, que de início denunciava pela fotografia, os conflitos que aconteciam no interior do país, depois passou a fazer esse mesmo trabalho nas favelas cariocas. Do outro lado, a 3.250 quilômetros do Rio, está o Miguel, que nasceu em São Paulo, mas adotou o Pará como sua terra a partir dos anos 1980 e com sua fotografia tem contribuído para desnudar para o Brasil e o mundo o que está acontecendo com a Amazônia.

Mas o que é que os dois têm em comum? Ripper e Miguel deixaram de ser apenas fotógrafos. Hoje são educadores. Pode ser inconsciente, mas seguem a linha de Paulo Freire. Trabalham em projetos de inclusão social por meio da fotografia. O Ripper, junto com Ricardo Funari outro fotógrafo carioca, leva adiante o projeto Escola de Fotógrafos Populares, para adolescentes na Favela da Maré. Anualmente a escola tem formado novos fotógrafos da própria comunidade, que passam a registrar seu dia-a-dia e a lançar um novo olhar sobre suas vidas, sua cidade, seu lugar.

O Miguel faz parte da Associação FotoAtiva, uma ONG cuja sede virou um Ponto de Cultura e hoje oferece oficinas de fotografia para os trabalhadores e moradores do centro de Belém. Ao "ver", por meio da fotografia, o seu dia-a-dia no centro da cidade onde vivem e trabalham, ele espera despertar o sentimento de pertencimento ao lugar.

O melhor disso tudo, é que experiências como essas devem estar acontecendo agora mesmo em outros lugares, numa micro revolução silenciosa. A formação de fotógrafos com essa visão humanística tem sido o sonho de toda uma geração de comunicadores. E se essa formação vem junto com o resgate da cidadania melhor ainda.

(A foto acima é de Bira de Carvalho, um dos integrantes da Escola de Fotógrafos Populares)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pra quem quiser ver um pouquinho do Pará em São Paulo



De 1º a 5 de setembro acontece a exposição “Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Belém do Pará”, no prédio da Fiesp, com réplicas de miriti e outros elementos do Círio. O endereço é Av. Paulista, 1313 e a exposição fica aberta de 9 às 18h.
Não sei exatamente o que é que vem pra esse exposição, mas em Belém, vi no Museu do Cirio os mantos utilizados no dia da procissão, os e-votos, e animais feitos em madeira. Lindíssimos.

A imagem é do cartaz do Cirio 2008 que fotografei na porta de uma casa em Belém.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Coxinha e pernil: que dupla, heim?

E por falar em centro de São Paulo, outro dia estava peregrinando pelos sebos da Liberdade e passei em frente a padaria Santa Teresa. É meu lugar favorito pra tomar canja. Tem o ano todo. Na hora que passei, estavam saindo as tais coxas-creme...

Nem preciso dizer o que aconteceu. Depois fui olhar a vitrine. E lá estava a torta de palmito e o pernil. Dessa vez, resisti bravamente.



Só não resisti mesmo foi ao pernil do Estadão, o bar, quando estive por ali na semana passada. Eles inventaram uma modalidade pra quem não encara o "monstro", que vem a ser o super sanduíche de pernil: pode-se pedir a porção, tipo "me dá 100 gramas". Pra acompanhar a cervejinha tá bom demais!

Olhe pra cima. Em lugares fechados, é claro!

Dizem que quem anda olhando pra cima corre o risco de levar uma "lembrancinha" de alguma pomba, mas às vezes é bom fazer esse exercício.

No centro de São Paulo ficam dois prédios que abrigam exposições, instalações e tudo o que tem a ver com arte. O primeiro, é o Centro Cultural Banco do Brasil, que tem essa clarabóia pra realçar ainda mais a beleza do prédio, que foi construído em 1901.


O outro prédio é p Conjunto Cultural da Caixa, na Praça da Sé, construído na década de 1930. Os vitrais e tetos são lindos. Vale conferir.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A viagem na viagem

O mercado da gastronomia está em franca expansão. São festivais gastronômicos nacionais e internacionais, congressos de gastronomia, novos cursos em universidades e escolas de culinária, publicações sobre comida e vinho e muitas outras iniciativas que pipocam país afora.

No Brasil, uma das editoras que mais tem publicado livros de gastronomia é a Senac (incluindo a nacional, a de São Paulo e a do Rio de Janeiro). Ainda estou lendo “SAL: uma história do mundo”, de Mark Kurlansky, e comecei a “viajar” nas páginas de “Viagem Gastronômica Através do Brasil”, de Caloca Fernandes. De aniversário ganhei o livro "Celeiro", do restaurante de mesmo nome, que fica no Rio. Eu já tinha o "Saladas" do Celeiro, e aguardava a reedição do livro de culinária. E acabo de ganhar "Com unhas, dentes & cuca", do Alex Atalla e do Carlos A. Dória. Sobre o "Sal", falei um pouquinho no post “O sal e nós”, e sobre o "Viagem", que é um livro pra ler aos poucos, já deu pra sentir que é uma verdadeira obra de arte: reúne lindas fotos tiradas em diferentes cidades do país, receitas culinárias e história.

Caloca Fernandes conta como a formação do povo de cada lugar influenciou a culinária. Exemplo mais fiel disso é a gastronomia amazônica, que até hoje, felizmente, preserva o “fazer” indígena, seja na extração dos subprodutos da mandioca, seja nos utensílios utilizados.

Gosto de livros que mesclam a história e o modo de fazer as coisas, sem muita frescura.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

As bergamotas do Avelino

Na segunda-feira revi, depois de mais de dez anos, o Avelino Ganzer. Ele foi fundador e dirigente da CUT no período em que também estive por lá. Ele é um gaúcho, que como tantos outros, foi tentar a sorte na Amazônia, e por lá ficou. Em 1990, em plena Copa do Mundo, o pequeno avião no qual ele e um dirigente holandês, representante de uma fundação internacional, caiu no meio da Amazônia. Desespero em São Paulo e em Belém, onde as notícias não chegavam de jeito nenhum, ninguém sabia o que havia acontecido, aquele desespero todo. Bem, o Avelino saiu todo estropiado do acidente. Transferido pra São Paulo, ficou um tempo internado num hospital. Uma amiga em comum lembrou que a primeira coisa que ele pediu, foram umas bergamotas. Bem, domingo, Copa do Mundo. Imaginem o sufoco pra achar as ditas! Mas pelo Avelino valia o esforço! E como.

Tem amigos que são assim: a gente passa dez anos sem ver e quando reencontra, parece que não se passou nem um dia. O Avelino é um desses.

Já começou a semana do Chile no Brasil

Gastronomia, cinema e exposição fazem parte da Semana do Chile que já começou e segue até o dia 30. Tudo em São Paulo. A parte gastronômica fica no restaurante Tarsila, o cinema, na Reserva Cultural, e a exposição, no Memorial da América Latina.

A Mostra de Cinema acontece de 27 a 30 de agosto e será aberta com o filme chileno “1973 revoluciones por minuto”, que registra os últimos momentos de Salvador Allende por meio de depoimentos de brasileiros que viviam no Chile na época do golpe. No restaurante do Reserva Cultural serão servidos pratos da culinária chilena.

E a partir do dia 28, no Memorial da América Latina, acontece a mostra Mapuche: Povo e Cultura Viva, com painéis de textos e fotografias que retratam a etnia e a arte mapuche.

A programação:

Mostra de Cinema Chileno
Reserva Cultural - Av. Paulista, 900, Cerqueira César. São Paulo, SP.
Valor: R$ 13,00 (inteira) e R$ 6,50 (meia). Tel.: (11) 3287-3529.

Semana Gastrônomica do Chile
Restaurante Tarsila, no Hotel InterContinental, das 19h às 23h.
Alameda Santos, 1123 – Cerqueira César. São Paulo, SP.
Valor: $ 95,00 por pessoa, bebidas à parte (exceto drinque cortesia de pisco sour). Tel.: (11) 3179-2555.

Exposição Mapuche: Povo e Cultura Viva
Memorial da América Latina – Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda. São Paulo, SP. Entrada franca. Tel.: (11) 3823-4600.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Cantar o mar não é pra qualquer um


E não é que Dorival Caymmi se foi? Ele foi injustamente associado à preguiça durante sua vida, mas na verdade acho que muita gente o invejava. Balançar na rede ao sabor da brisa do mar e do som dos coqueiros? Oras, e quem é que não quer isso?

Um dia um amigo e eu falávamos da música "O mar" e ele disse: "Pô, e quem é que não faz uma música assim: o mar quando quebra na praia é bonito é bonito" Ainda posso até vê-lo falando isso, sem vírgulas, pausas e pontos, com uma cara de gozação. Acho que qualquer um pode fazer, mas uma coisa eu digo, só mesmo com o velho Dorival Caymmi essa música poderia ter ficado assim:


O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

O mar... pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde

Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha

De todas as mocinha lá do arraiá

Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite

Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada

Num canto bem longe lá do arraiá

Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece

Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho

Morreu, morreu, morreu, oh...

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

Descanse em paz e espero que tenham lembrado de mandar uma rede pra onde você foi.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Novidade no blog

Sou associada do Slowfood Brasil e aceitei a sugestão da turma de colocar um campo no canto esquerdo do blog com as últimas notícias. Espero que gostem.

Pra quem ainda não conhece, de forma bem simplificada, o Slow Food é um movimento internacional que começa a ser mais difundido agora. Começou na Itália, em 1989, como uma resposta à mesmice do fast food, ou seja, contra a comida de “plástico” e a pressa pra se alimentar, pela valorização dos produtos orgânicos e também como forma de reaver alimentos que estão desaparecendo no mundo.

O movimento chegou ao Brasil e vem ganhando muitos adeptos. O Slow Food tem uma parceria internacional com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para tocar os projetos da Arca do Gosto, que atua no resgate de alimentos como arroz vermelho, babaçu, bergamota montenegrina, farinha de batata doce Krahô, marmelada de Santa Luzia, pirarucu, umbu, palmito Juçara, guaraná nativo Sateré-Mawé, feijão canapu e castanha de baru.


Quem se interessar pelo assunto, e quiser levar a vida como o caracolzinho - símbolo do Slow Food -, pode clicar em qualquer das notícias ao lado pra entrar na página do movimento.

domingo, 17 de agosto de 2008

Quer conhecer o Nan Thai, o AK Delicatessen, o Eñe e o Le Pêtit Trou a R$ 25,00?

São 50 restaurantes que participam de 18 e 31 de agosto da São Paulo Restaurant Week - Inverno 2008, oferecendo um menu pré-estabelecido ao preço de R$ 25,00 no almoço e R$ 39,00 no jantar, incluindo entrada, prato principal e sobremesa. Alguns estão na promoção só no almoço, outros só para o jantar, e outros ainda, nos dois horários. Se o cardápio não agrada 100%, pelo menos é uma oportunidade pra conhecer os considerados bons restaurantes da cidade, sabendo exatamente quanto vai pagar no final da refeição.

Só pra citar alguns dos participantes: AK Delicatessen; Amaranto; Bar Brahma, Canvas, Capim Santo, Casa Europa, Cordel, Diaccuí, Eñe , Gardênia Restô, Govinda, Grazie a Dio, Lê Petit Trou, Lola Bistro, Mercearia do Conde, Kakombi, Nam Thai, Obá, Oliva, Tarsila, Thai Gardens, Verbena.

No site Restaurante Week Brasil está publicada a lista dos restaurantes participantes em São Pulo (os demais estados ainda não está disponível) e traz link para o restaurante e também para o menu especial. Vale a pena conferir. Depois é só ligar pra confirmar.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ladrões de Belém usam técnica indígena


Ontem estive conversando com um nordestino que viveu um bom tempo em Belém. Falávamos sobre os muitos assaltos que acontecem em Belém e a violência com que acontecem. Ele fez uma observação sobre o comportamento dos ladrões de lá, em comparação com os do Nordeste. Segundo ele, os nordestinos trazem em sua herança cultural, a necessidade de dar a resposta imediata aos desafios: sacam da peixeira e matam o desafeto na mesma hora. Ou chamam logo pra briga. Isso se reflete direto nos assaltos. Eles são diretos: abordam e assaltam.

E os paraenses, segundo ele, por sua herança indígena, ou seja, a da prática da caça, usam a tática da emboscada, ficam de tocaia e surgem do nada. E são bastante violentos em suas abordagens. Me lembrei do livro "O nome da morte", no qual o jornalista Klester Cavalcanti narra em detalhes a vida do matador de aluguel que tirou a vida de quase 500 pessoas. O matador vivia na região amazônica e a tocaia está em todos os crimes relatados. Será que tem a ver?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Copiar a tese dos outros?

Agora estou às voltas com a minha pesquisa, cada vez mais perdida, sem conseguir definir o foco do TCC. Fui pra Belém pra conhecer de perto as frutas, os peixes e as verduras de lá, mas até agora, não consegui definir o que fazer. Ando pensando no cupuaçu. Mas o quê do cupuaçu é que é a questão.

Por indicação do Ricardo Maranhão, estou lendo o livro do Umberto Eco "Como se faz uma tese". O texto é muito bom. Ele é irônico, e deixa claro que o livro foi escrito pra quem de fato se interessa por pesquisa. Para os preguiçosos, ele dá um conselho mais que esculhambado. Ele diz que se seu caso é escrever a tese só pra se graduar e cumprir exigências formais, é melhor pagar a alguém pra escrevê-la. Outra solução, segundo ele, seria copiar alguma tese já existente. Mas segundo ele, até pra isso - copiar a tese de alguém - é preciso ter algum talento. Ele cita alguns cuidados que o estudante deve ter ao escolher esse caminho: a tese a deve ter sido defendida já há algum tempo; deve ter sido apresentada em faculdade de uma cidade diferente da sua; não ter sido publicada. E o estudante deve certificar-se de que seu orientador não tenha lecionado na cidade original da tese. E para os mais preguiçosos, o Eco avisa: até mesmo pra copiar uma tese é preciso empreender um inteligente trabalho de pesquisa!

Estão vendo? Não é moleza pra ninguém!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Açaí branco. Conhecem?





Tá certo que não sou nenhuma especialista em açaí, mas sempre achei que só existisse de um tipo, aquele roxo. Em Belém descobri que existe um verde, que é chamado de branco.

E açaí é uma das frutas mais consumidas em Belém. Durante a amanhã, a gente vê muita gente tomando açaí. Pelas bandas do mercado, onde eu fiquei zanzando um bom tempo, via muita gente tomando açaí acompanhado de um peixe frito na hora. Podia ser pescada, pirarucu ou outro qualquer.


Na sorveteria Cairu, a mais famosa da cidade, o sorvete de açaí também é um dos mais pedidos. É uma delícia. E depois do almoço ou jantar, a sobremesa pode ser um açaí com açúcar e farinha de tapioca (aquela granulada).

Suco? pode ser de açaí; doce? pode ser de açaí; torta? pode ser de açaí; bolo? pode ser de açaí... Alguém ainda duvida que a fruta é a mais procurada de lá?

As castanhas do Pará


Agora entendi porquê a castanha do Pará custa tão caro. Elas são descascadas uma a uma. Acreditam?

Pra quem ainda não viu, a castanha do Pará surge assim, duplamente protegida. Primeiro, envoltas numa casca de três lados. E depois, dentro de um tipo de coco. É lindo, não é?


Quem também surge assim protegida, é uma fruta chamada sapucaia, que não é tão conhecida, nem apreciada pelos paraenses. Vejam onde ela fica guardada.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O sal e nós

Levei pra Belém o livro "SAL: Uma história do mundo", de Mark Kurlansky, que ganhei da Aurea Gill, figura querida que sabe antecipar os desejos dos outros. Pensei aproveitar as longas horas de vôo e de aeroportos para começar a lê-lo. É interessantíssimo. Ele conta as descobertas, as disputas, os impostos, as guerras geradas pela falta ou excesso do sal; desvenda a origem de palavras que usamos hoje e que se originaram dele como "salário", as implicações econômicas decorrentes da posse ou do desejo de possuir o sal, e muito mais. Interessante é ver como o sal, com seu poder de conservação, marcou a evolução de produtos como queijos, azeitonas, presuntos etc. Lembrei que quando morava em Natal visitei a cidade de Areia Branca, no interior do Rio Grande do Norte. Ali navios de bandeiras de todo o mundo aportavam pra carregar sal. Às vezes ficava ali olhando aquela imensidão branca e pensava em pegar uma carona nesses navios pra ganhar o mundo.

Bem, cheguei a Belém, com o sal na cabeça. Logo nas primeiras visitas que fiz ao Complexo do Ver-o-peso (porque não dá pra chamar aquilo tudo só de mercado) percebi logo que o sal é um dos produtos mais importantes para o povo daquela região. O peixe é um dos produtos mais populares, e o camarão também. Apesar de terem todas as condições de consumir o peixe fresco, muitos o preferem salgado. Herança dos portugueses, dizem, que lhes apresentaram o bacalhau salgado.

E assim é com o camarão também. Cestos e mais cestos (ou, como se diz no Pará, paneiros e mais paneiros) de camarão salgado chegam das ilhas a bordo de inúmeros barcos.


Pirarucu de casaca, arroz de pirarucu, moqueca e outros tantos pratos são feitos com o peixe seco e dessalgado. O camarão seco é utilizado em diversos pratos, em especial no tacacá (uma espécie de sopa feita com o tucupi, a goma da mandioca e jambu). É colocado sobre esse caldo que é servido em cuias pretas nos carrinhos instalados nas esquinas.

Mas voltando ao sal e ao livro, uma das passagens interessantes é a que conta a luta capitaneada por Gandhi contra o imposto do sal, imposto imposto, literalmente, pela coroa britânica.


O livro:
SAL Uma história do mundo
Mark Kurlansky
Editora Senac

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Cada um tem o Borba Gato que merece


E quem é que disse que o nosso Borba Gato é a coisa mais feia que já puseram em cima de uma via pública? Vejam só essa estátua que fica na entrada de Marituba, na grande Belém.

Em compensação, vejam que lindas são as paraenses! Essa é a Maria, linda, danada que só e cheia de fazer charme.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A natureza a toda prova

Saí de São Paulo quando o problema da umidade do ar já estava feio. Cheguei em Belém e tive um choque de ar puro. Não cheguei a passar mal, desacostumada que estava, mas a diferença se sente na mesma hora.

Me perguntam o que mais me impressionou em Belém. Bem, pela ordem: o tamanho do mercado, a frescura dos peixes e a comida típica.


O tamanho do mercado - o Ver-o-peso é um mercado diferente de tudo o que eu já conhecia no Brasil. O que chega mais perto é o mercado de Caruaru, que tem uma parte coberta para as carnes e o restante é uma feira ao ar livre. O mercado do Pará foi construído e entregue à cidade em 1688 e abriga tudo o que se possa imaginar da cultura paraense. Desde a comida até o artesanato. Tem duas partes cobertas: o mercado do peixe e mercado da carne, todo em ferro, que agora está sendo restaurado (é a última foto do post anterior). E a imensa feira no entorno. São cerca de 1.500 feirantes. Aí tem de tudo. É o paraíso pra quem gosta de fuçar como eu.



A frescura dos peixes - a movimentação dos barqueiros é intensa. Tudo é muito fresco. Os peixes são vendidos abertos para que o freguês veja por fora e por dentro a qualidade do produto. O mercado de peixe não cheira a peixe velho ou estragado. Nas inúmeras barracas de comida é servido o açaí com peixe frito. Virei freguesa desse peixe (não sou muito fã do açaí, então substituía pela Cerpinha).
Comer na rua - acho que o calor é que determina o hábito do paraense de comer na rua. No mercado inúmeros quiosques servem peixe e PFs (pratos feitos) ou nas esquinas, alguns carrinhos servem tacacá, vatapá e caruru; outros servem sanduiches como hamburguer, pernil e cachorro quente (carne moída). Cadeiras são colocadas em volta do carrinho, na maioria das vezes, instaladas sob a sombra de uma árvore.

domingo, 3 de agosto de 2008

Cerveja? ainda tem

Hoje é dia de aniversário dos blogs Por uma second life menos ordinária, do Redneck, e d´O quem, da Patty Difusa. Devo agradecder aos dois, afinal, foi por pura inveja da Patty que nasceu o Perfume de Pequi. O Red ajudava quando a ignorância internáutica me atacava. Os dois, em seus respectivos blogs, conseguem expor suas idéias, suas mágoas, suas raivas, seus desejos. Tudo de muito bom gosto. Gostam de escrever pra caramba. Eu sou mais preguiçosa; publico fotos e alguns comentários. Às vezes algum post se alonga, mas a maioria é de leitura rápida.

Ao encontrar os dois no final de semana, fui injustamente acusada de provocar o desabastecimento de cerveja em Belém só porque minhas andanças pelas terras e rios habitados pelo boto e seus amigos incluíam paradas estatégicas pra me refrescar. Patty foi mais longe. Já prevê a falta do fabuloso líquido durante as festividades do Círio. Isso sim é uma coisa muito grave, porque milhares de paraenses, seus parentes e amigos, além de turistas em geral correm pra Belém pra tentar segurar na corda e receber as bençãos de Nossa Senhora de Nazaré. Mas na foto pode-se ver que muitos outros ajudaram a baixar o estoque.



Agora falando sério, como diz o lindo Chico, quem ainda não foi a Belém, inclua no próximo roteiro (junte milhas, aproveite as promoções das aéreas) porque vale a pena. A cidade é linda, o turismo cresce e aos poucos o povo começa a incorporar o atendimento ao turista como uma fonte de divisas para o Estado. Quem já esteve em Belém há alguns anos, aproveite pra voltar porque muita coisa mudou por ali. O complexo do Ver-o-peso foi totalmente reformulado, com a instalação de áreas específicas para cada tipo de comércio - peixe, carne, frutas, farinhas, artesanato, ervas, alimentação etc.




A segurança? Ah, a segurança... Essa ainda é pouca, mas câmeras de seguranças estão instaladas nas proximidades do mercado e os avisos pra não dar bobeira com bolsas e carteiras partem de todas as partes. Quem vive em São Paulo já é PhD, tá descolado e tira de letra.