Levei pra Belém o livro "SAL: Uma história do mundo", de Mark Kurlansky, que ganhei da Aurea Gill, figura querida que sabe antecipar os desejos dos outros. Pensei aproveitar as longas horas de vôo e de aeroportos para começar a lê-lo. É interessantíssimo. Ele conta as descobertas, as disputas, os impostos, as guerras geradas pela falta ou excesso do sal; desvenda a origem de palavras que usamos hoje e que se originaram dele como "salário", as implicações econômicas decorrentes da posse ou do desejo de possuir o sal, e muito mais. Interessante é ver como o sal, com seu poder de conservação, marcou a evolução de produtos como queijos, azeitonas, presuntos etc. Lembrei que quando morava em Natal visitei a cidade de Areia Branca, no interior do Rio Grande do Norte. Ali navios de bandeiras de todo o mundo aportavam pra carregar sal. Às vezes ficava ali olhando aquela imensidão branca e pensava em pegar uma carona nesses navios pra ganhar o mundo.
Bem, cheguei a Belém, com o sal na cabeça. Logo nas primeiras visitas que fiz ao Complexo do Ver-o-peso (porque não dá pra chamar aquilo tudo só de mercado) percebi logo que o sal é um dos produtos mais importantes para o povo daquela região. O peixe é um dos produtos mais populares, e o camarão também. Apesar de terem todas as condições de consumir o peixe fresco, muitos o preferem salgado. Herança dos portugueses, dizem, que lhes apresentaram o bacalhau salgado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM8WykcKm1RoI5bSbVLicT4xkE_34IPW7_6S81S9Vv-qzr-OXHc-Tr5Dos1eV_033Ncv4ftOWDP55ywWXj37Dyp7gs0swKcc4Sel65JQlEK2wjukeReTox2fUqrkEJI1_adydCn3e2haw/s400/DSC05126.JPG)
E assim é com o camarão também. Cestos e mais cestos (ou, como se diz no Pará, paneiros e mais paneiros) de camarão salgado chegam das ilhas a bordo de inúmeros barcos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlH6mAtU9338Hv_wVCDnP-bbWcWE6jTX3FBQ6llY6oCn4AFbDChsXl9bWxg0naBzXgJY7s_I5Q7gcz4CQnZcFIKvJ7bJtYc0yheBywXhBLaZNW6stAH2l8TYJpdpkQ3hsy2Qb_Ae6NtTU/s400/camarao2.JPG)
Pirarucu de casaca, arroz de pirarucu, moqueca e outros tantos pratos são feitos com o peixe seco e dessalgado. O camarão seco é utilizado em diversos pratos, em especial no tacacá (uma espécie de sopa feita com o tucupi, a goma da mandioca e jambu). É colocado sobre esse caldo que é servido em cuias pretas nos carrinhos instalados nas esquinas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhrE9HNzI52ghn2V9RV1qKH6jhx2mWL1rfZ9VDM1we_jbhD2YJyv3FrTirHEdh-7NRmoos_v9XqDyeutzL7gzD6CZ6FZ9_Bl21NyvoqlpZm-t1WLpxUZUH-IVTRPANSkoOIVPUcbor6ek/s200/SAL.jpg)
Mas voltando ao sal e ao livro, uma das passagens interessantes é a que conta a luta capitaneada por Gandhi contra o imposto do sal, imposto imposto, literalmente, pela coroa britânica.
O livro:
SAL Uma história do mundo
Mark Kurlansky
Editora Senac
2 comentários:
Ai que saudade de Belém. Lindas fotos. Parabéns!
Bj, n
Andarilha,
Será que aquela tainha salgada lá do "ver o peso", se tem descendência portuguesa, não se assemelharia à "tainha escalada" que os manezinhos (descendentes de açorianos)fazem lá em floripa? A "tainha escalada" é salgada exposta ao sol num varal. Fica meio avermelhada. Depois é assada. Alguns restaurantes já sofisticam e colocam alguns outros temperos, e ela fica maravilhosa. A propósito, abusando de sua erudição, você poderia me explicar a origem do nome "mercado do ver o peso"? Bj
Postar um comentário