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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os rios e as matas


Depois do Fórum aproveitei três dias pra conhecer os arredores de Belém e fiz dois lindos passeios de barco. No primeiro, fui a Barcarena pra conhecer a praia de Caripi. O lugar é lindo, meio deserto. Uma extensa faixa de areia junto a uma vegetação muito verde. No caminho, a gente vê os paraenses que usam o barco como seu meio de transporte pra ir e vir no trecho Barcarena-Belém, os ribeirinhos se locomovendo de um lado para o outro em suas pequenas canoas, os barcos de linha que atendem as diversas ilhas que ficam próximas a Belém. A exuberância da vegetação enche os olhos e no caminho vemos as palmeiras de açaí, de buriti, as castanheiras e muitas outras. Dessas ilhas sai o açaí que diariamente chega ao mercado do Ver-o-peso e dalí é distribuído para o consumo local e para outras cidades do Brasil e do mundo.

Ver-o-peso colorido


É inverno na Amazônia. Sinal de chuva e de frutas. E muitas frutas. Estive em Belém em julho e não havia muitas frutas no mercado Ver-o-peso, mas dessa vez, estava tudo colorido. Muita pupunha, cupuaçu, bacuri, castanha, jenipapo e muitas outras. Os sorvetes de frutas e produtos regionais são fantásticos. Os que mais gosto são os de tapioca, de cupuaçu, taperebá e bacuri.

Os comerciantes do Ver-o-peso se prepararam pra receber os visitantes nacionais e estrangeiros do Fórum, afinal eram esperados cerca de 120 mil pessoas. As bancas abarrotadas de frutas, os comerciantes mais que dispostos a dar informações sobre como nomear as frutas, dar dicas de consumo. Nas barracas de comida, muitos visitantes comendo peixe frito com açaí e tapioca. A Serpinha reinando em todos os lugares.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Uma volta na Amazônia




-->Li o relato do Alex Atalla sobre a viagem dele com os chefs espanhóis Ferran Adriá e Juan Mari Arzak pra Amazônia. Conforme ia avançando na leitura do relato sobre a visita ao mercado Ver-o-peso, podia até ver os dois espanhóis encantados feito crianças numa loja de doces pegando em tudo, cheirando, analisando. Tudo novidade, tudo muito diferente dos cheiros, dos sabores familiares. Tudo é over: de frutas, de peixes, de beleza, de calor, de natureza. E estar pisando o solo da Amazônia então? É pra deixar qualquer um em estado de graça!
Gostei também de ver que a solidariedade é um valor importante pra eles. A primeira parada em Belém, depois de deixarem as malas no hotel, foi a casa de Paulo Martins, um dos maiores divulgadores da culinária amazônica/paraense, que está muito doente já há alguns meses. Quando estive em Belém em julho, não consegui falar com ele porque estava de cama há 4 meses. Na semana passada liguei pra filha dele, numa última tentativa de ouvi-lo para o meu TCC e ela me disse que não houve melhoras e que a diabetes cobrava seu tributo. Os três chefs/amigos saíram da casa chorando, segundo o Atalla.

É mesmo de chorar ver uma pessoa que se conheceu tão ativa, prostrada numa cama. Não faz muito tempo, o Paulo e o Atalla tinham levado uma caixa de frutas para o Adriá e essas frutas despertaram no espanhol a fixação em conhecer seu habitat. E conheceu. Pelo uma parte dele. A visita foi uma retribuição.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ladrões de Belém usam técnica indígena


Ontem estive conversando com um nordestino que viveu um bom tempo em Belém. Falávamos sobre os muitos assaltos que acontecem em Belém e a violência com que acontecem. Ele fez uma observação sobre o comportamento dos ladrões de lá, em comparação com os do Nordeste. Segundo ele, os nordestinos trazem em sua herança cultural, a necessidade de dar a resposta imediata aos desafios: sacam da peixeira e matam o desafeto na mesma hora. Ou chamam logo pra briga. Isso se reflete direto nos assaltos. Eles são diretos: abordam e assaltam.

E os paraenses, segundo ele, por sua herança indígena, ou seja, a da prática da caça, usam a tática da emboscada, ficam de tocaia e surgem do nada. E são bastante violentos em suas abordagens. Me lembrei do livro "O nome da morte", no qual o jornalista Klester Cavalcanti narra em detalhes a vida do matador de aluguel que tirou a vida de quase 500 pessoas. O matador vivia na região amazônica e a tocaia está em todos os crimes relatados. Será que tem a ver?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Açaí branco. Conhecem?





Tá certo que não sou nenhuma especialista em açaí, mas sempre achei que só existisse de um tipo, aquele roxo. Em Belém descobri que existe um verde, que é chamado de branco.

E açaí é uma das frutas mais consumidas em Belém. Durante a amanhã, a gente vê muita gente tomando açaí. Pelas bandas do mercado, onde eu fiquei zanzando um bom tempo, via muita gente tomando açaí acompanhado de um peixe frito na hora. Podia ser pescada, pirarucu ou outro qualquer.


Na sorveteria Cairu, a mais famosa da cidade, o sorvete de açaí também é um dos mais pedidos. É uma delícia. E depois do almoço ou jantar, a sobremesa pode ser um açaí com açúcar e farinha de tapioca (aquela granulada).

Suco? pode ser de açaí; doce? pode ser de açaí; torta? pode ser de açaí; bolo? pode ser de açaí... Alguém ainda duvida que a fruta é a mais procurada de lá?

As castanhas do Pará


Agora entendi porquê a castanha do Pará custa tão caro. Elas são descascadas uma a uma. Acreditam?

Pra quem ainda não viu, a castanha do Pará surge assim, duplamente protegida. Primeiro, envoltas numa casca de três lados. E depois, dentro de um tipo de coco. É lindo, não é?


Quem também surge assim protegida, é uma fruta chamada sapucaia, que não é tão conhecida, nem apreciada pelos paraenses. Vejam onde ela fica guardada.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O sal e nós

Levei pra Belém o livro "SAL: Uma história do mundo", de Mark Kurlansky, que ganhei da Aurea Gill, figura querida que sabe antecipar os desejos dos outros. Pensei aproveitar as longas horas de vôo e de aeroportos para começar a lê-lo. É interessantíssimo. Ele conta as descobertas, as disputas, os impostos, as guerras geradas pela falta ou excesso do sal; desvenda a origem de palavras que usamos hoje e que se originaram dele como "salário", as implicações econômicas decorrentes da posse ou do desejo de possuir o sal, e muito mais. Interessante é ver como o sal, com seu poder de conservação, marcou a evolução de produtos como queijos, azeitonas, presuntos etc. Lembrei que quando morava em Natal visitei a cidade de Areia Branca, no interior do Rio Grande do Norte. Ali navios de bandeiras de todo o mundo aportavam pra carregar sal. Às vezes ficava ali olhando aquela imensidão branca e pensava em pegar uma carona nesses navios pra ganhar o mundo.

Bem, cheguei a Belém, com o sal na cabeça. Logo nas primeiras visitas que fiz ao Complexo do Ver-o-peso (porque não dá pra chamar aquilo tudo só de mercado) percebi logo que o sal é um dos produtos mais importantes para o povo daquela região. O peixe é um dos produtos mais populares, e o camarão também. Apesar de terem todas as condições de consumir o peixe fresco, muitos o preferem salgado. Herança dos portugueses, dizem, que lhes apresentaram o bacalhau salgado.

E assim é com o camarão também. Cestos e mais cestos (ou, como se diz no Pará, paneiros e mais paneiros) de camarão salgado chegam das ilhas a bordo de inúmeros barcos.


Pirarucu de casaca, arroz de pirarucu, moqueca e outros tantos pratos são feitos com o peixe seco e dessalgado. O camarão seco é utilizado em diversos pratos, em especial no tacacá (uma espécie de sopa feita com o tucupi, a goma da mandioca e jambu). É colocado sobre esse caldo que é servido em cuias pretas nos carrinhos instalados nas esquinas.

Mas voltando ao sal e ao livro, uma das passagens interessantes é a que conta a luta capitaneada por Gandhi contra o imposto do sal, imposto imposto, literalmente, pela coroa britânica.


O livro:
SAL Uma história do mundo
Mark Kurlansky
Editora Senac

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A natureza a toda prova

Saí de São Paulo quando o problema da umidade do ar já estava feio. Cheguei em Belém e tive um choque de ar puro. Não cheguei a passar mal, desacostumada que estava, mas a diferença se sente na mesma hora.

Me perguntam o que mais me impressionou em Belém. Bem, pela ordem: o tamanho do mercado, a frescura dos peixes e a comida típica.


O tamanho do mercado - o Ver-o-peso é um mercado diferente de tudo o que eu já conhecia no Brasil. O que chega mais perto é o mercado de Caruaru, que tem uma parte coberta para as carnes e o restante é uma feira ao ar livre. O mercado do Pará foi construído e entregue à cidade em 1688 e abriga tudo o que se possa imaginar da cultura paraense. Desde a comida até o artesanato. Tem duas partes cobertas: o mercado do peixe e mercado da carne, todo em ferro, que agora está sendo restaurado (é a última foto do post anterior). E a imensa feira no entorno. São cerca de 1.500 feirantes. Aí tem de tudo. É o paraíso pra quem gosta de fuçar como eu.



A frescura dos peixes - a movimentação dos barqueiros é intensa. Tudo é muito fresco. Os peixes são vendidos abertos para que o freguês veja por fora e por dentro a qualidade do produto. O mercado de peixe não cheira a peixe velho ou estragado. Nas inúmeras barracas de comida é servido o açaí com peixe frito. Virei freguesa desse peixe (não sou muito fã do açaí, então substituía pela Cerpinha).
Comer na rua - acho que o calor é que determina o hábito do paraense de comer na rua. No mercado inúmeros quiosques servem peixe e PFs (pratos feitos) ou nas esquinas, alguns carrinhos servem tacacá, vatapá e caruru; outros servem sanduiches como hamburguer, pernil e cachorro quente (carne moída). Cadeiras são colocadas em volta do carrinho, na maioria das vezes, instaladas sob a sombra de uma árvore.