Em maio de 2006, o câncer finalmente venceu o Daniel Herz, depois de anos de batalha. Mas o sumiço físico dele não o levou embora, de jeito nenhum. Eu o conheci em Brasília, durante a Constituinte (1987-1988). O Daniel era aquele cara quieto, que tinha uma capacidade sobrehumana de pensar as coisas da comunicação. Mas ele pensava pra frente, prevendo a entrada de novas formas de comunicação no país e a incidência disso sobre a sociedade e sobre os trabalhadores do setor.
Durante os dois anos da Constituinte, Daniel, Armandinho Rollemberg, Jorge Bittar, eu e mais alguns companheiros, nos dividíamos pra cobrir o país todo, fazendo os debates sobre a democratização dos meios de comunicação e buscando apoiadores à emenda que foi apresentada ao Congresso Constituinte. Ali se vivia uma efervescência incrível, todos os dias a gente se via no meio de debates sobre os mais diferentes temas. Ali estava sendo escrita a história do Brasil. E foi nesse momento tão importante que meu caminho cruzou com o do Daniel.
Durante os debates da Conferência Nacional de Comunicação, dava pra sentir que ele estava ali, presente nas propostas, nos discursos. Muita coisa que se discutiu ali, tinha uma mãozinha dele. É uma herança forte essa.
Pra homenageá-lo roubei esta citação do site criado pelos amigos, o Daniel inclusive, para o Adelmo Genro Filho quando ele faleceu em 1988.
"A vida do espírito
não é a vida que se ausenta ante a morte
e se mantém pura [diante] da desolação,
mas é a vida que sabe afrontar a morte
e manter-se vida".
G.W.F. Hegel
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
As bergamotas do Avelino
Na segunda-feira revi, depois de mais de dez anos, o Avelino Ganzer. Ele foi fundador e dirigente da CUT no período em que também estive por lá. Ele é um gaúcho, que como tantos outros, foi tentar a sorte na Amazônia, e por lá ficou. Em 1990, em plena Copa do Mundo, o pequeno avião no qual ele e um dirigente holandês, representante de uma fundação internacional, caiu no meio da Amazônia. Desespero em São Paulo e em Belém, onde as notícias não chegavam de jeito nenhum, ninguém sabia o que havia acontecido, aquele desespero todo. Bem, o Avelino saiu todo estropiado do acidente. Transferido pra São Paulo, ficou um tempo internado num hospital. Uma amiga em comum lembrou que a primeira coisa que ele pediu, foram umas bergamotas. Bem, domingo, Copa do Mundo. Imaginem o sufoco pra achar as ditas! Mas pelo Avelino valia o esforço! E como.
Tem amigos que são assim: a gente passa dez anos sem ver e quando reencontra, parece que não se passou nem um dia. O Avelino é um desses.
Tem amigos que são assim: a gente passa dez anos sem ver e quando reencontra, parece que não se passou nem um dia. O Avelino é um desses.
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