sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

As latas de minha mãe

Minha mãe veio de Hiroshima em 1938, casou com meu pai no sistema do miai (casamentos arranjados entre famílias) e teve 10 filhos. Na roça, em contato com outras mulheres que já estavam no país há mais tempo, ela aprendeu a usar os ingredientes locais e a fazer doces. Muita coisa aprendemos com ela, mas a maior parte de suas anotações, feitas num caderninho, não consegui recuperar enquanto ela estava lúcida.

Dois doces ficaram na lembrança: a maria-mole e o pudim de lata. Pudim de lata? Isso mesmo: ela misturava os ingredientes e colocava tudo dentro de uma lata de sorvete redonda e alta, caramelizada. Depois de tampada, era levada a cozinhar em panela fechada. Só era aberto depois de frio. Pra fazer a maria-mole ela usava uma lata quadrada de biscotos. Não lembro se era Duchen. Ficava aquele quadrado branco coberto com coco ralado. Dá até água na boca!

Hoje bateu o saudosismo. Ela tá travando uma batalha enorme, se alimentando com uma sonda até que recupere sua saúde. Será que em algum cantinho da memória ela ainda guarda essas delícias que ela fazia?

5 comentários:

Anônimo disse...

Andarilha,
Isso é coisa do interior, minha mãe também fazia um pudim de lata. E a lata da Cema era exatamente assim: uma lata redonda, bem alta, pra que a fervura da água do cozimento em banho-maria (adoro esta expressão, porque leva este nome?) não respingasse pra dentro do pudim.
Aliás, não é porque era da minha mãe não, mas foi o melhor pudim de leite que comi na minha vida. Ela cozinhava outras coisas que encontrei versões melhores ao longo da vida, mas o pudim.....dá licença!
Sabe, guardei aquela lata que a Cema usava pra fazer o melhor pudim do mundo na tentativa de reproduzir aqueles que saborareava, mas em vão: nunca consegui fazer igual e acabei dispensando a lata já enferrujada.
Me convenci que bastam as lembranças do tal pudim.
Besitos,

Patty Diphusa disse...

Oi amore, tudo bom?
Acredito sim que ela está se alimentando da lembrança de coisas tão delicadas e gostosas como a que vc descreve. E é muito bom ver vc também fazendo isso, trazendo à tona as coisas boas e doces -- nesse caso, literalmente -- de vcs. Tenho certeza que isso tudo ajuda na batalha dela. Bjs, querida.

Reiko Miura disse...

Já que aurora boreal perguntou, fui buscar a origem do banho-maria. E vejam que curiosa a explicação que encontrei na Wikipédia. O banha-maria é uma homenagem à alquimista Maria, a judia (viveu no Egipto por volta do ano 273 a.C.), que teria descoberto que por meio da água era possível controlar melhor o cozimento lento dos experimentos. E também atribuem a ela a descoberta do alambique. Êta mulher porreta! Mal sabem os machões borrachos que devem a pinguinha de todo dia a uma mulher!

Patty Diphusa disse...

Vc nao acha, Andarilha, que está na hora da Aurora Boreal montar um blog? rs. bjs, quando vc viaja, dá notícias de lá, please.

Anônimo disse...

Concordo com a Patty. Tá na hora da aurora boreal montar um blog. Embarco dia 10 para o México. Vou tentar postar algumas coisas de lá, mas acho difícil.