Não causou surpresa a divulgação da pesquisa Indicadores do Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008 divulgada pelo IBGE sobre o maior responsável pela péssima qualidade do ar que respiramos em São Paulo. Saem chaminés de indústrias, que durante muito tempo foram considerados os vilões poluidores, entram veículos jogados aos milhares nas ruas das cidades brasileiras. Se por um lado indústria e governo comemoram os picos de produção e geração de impostos e empregos, por outro, a população sofre com os efeitos de 6 milhões de automóveis em cima das ruas da cidade.
São Paulo se sobressai nos números porque tem mais moradores e muitas pessoas de cidades vizinhas que se utilizam de suas ruas diariamente, mas em cidades como Brasília, o assunto recorrente nas conversas é o aparecimento ou crescimento dos congestionamentos antes inexistentes ou até então de pequena monta. Horário de rush, leia-se ida e volta do trabalho, virou um exercício de paciência que muitos brasilienses desconheciam. Os de fora, que optaram por viver na cidade justamente pela inexistência dos problemas de trânsito e violência que enfrentavam em suas cidades de origem, agora vêem voltar à sua rotina esses pesadelos que pensaram ter deixado pra trás.
O José Correa Leite, em artigo no Le monde diplomatique, aponta o poder público, em especial a prefeitura, como um dos principais responsáveis pela má qualidade do nosso trânsito por não adotar medidas restritivas à circulação de veículos (pedágios urbanos, praticados nas capitais européias, exclusão dos automóveis particulares do centro velho, aumento do rodízio e da fiscalização), maiores restrições a caminhões no centro ou a simples expansão das zonas azuis. Se de um lado a expansão das linhas de metrô andam a passos de cagado, que me desculpem os bichinhos, de outro, a criação de corredores corredores exclusivos de ônibus não é intensificada porque comerciantes e moradores das vias onde eles seriam implantados pressionam a prefeitura, alegando prejuízos em seus negócios.
Alternativas nós temos. Resta saber quem vai colocar em prática. Será que nós nunca vamos chegar ao estágio de poder viver na cidade e com qualidade de vida?
2 comentários:
A questão de cobrar das autoridades soluções não é solução, porque me parece que ao poder interessa o comercio, a arrecadação. Nós aprendemos que ter carro é absolutamente necessário para a vida e nosso modelo de sociedade faz com que isso seja quase verdade absoluta. Vamos andar, bicicletas? o tempo para locomoçao se tornou escasso, fizemos com que as distncias se tornassem maiores, obstáculos intransponíveis^.Seria necessário uma completa mudança nos paradigmas sociais. Aliás Kunh aponta para a condição histórica de que as grandes crises é que produzem mudanças. Então, esperança. A mudança do modelo urbano deve estar próxima. Pois a crise, ói!
É verdade, estamos mesmo precisando de uma mudança de comportamento. Às vezes as pessoas me dizem que não têm tempo pra mais nada, que o tempo está curto, que tem milhares de coisa pra fazer. Será mesmo preciso fazer tanta coisa? Por que as pessoas estão assumindo tantas tarefas? Não dá mesmo pra simplificar? Eu acho que dá. E isso se refletiria na cidade também.
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