quinta-feira, 2 de julho de 2009

O encantador Jun Sakamoto

Nem a pé, nem de ônibus, nem de pau-de-arara. Foi num fusquinha que os Sakamoto saíram de Presidente Prudente e vieram para São Paulo, trazendo além dos cinco integrantes da família, o cachorro. Entre os passageiros, estava o garoto Jun Sakamoto. Num bate-papo na Fundação Japão, Jun contou essas passagens e mais algumas muito curiosas sobre sua aprendizagem no mundo dos sushis. 15, 20 anos pra aprender a fazer um bom sushi? No começo ele achava exagero, mas depois de passar por Nova York, Japão e inúmeros restaurantes, acha que é isso mesmo. Só dá pra aprender fazendo, fazendo, fazendo. Bons mestres também são fundamentais. E no caso dele, seu maior mestre foi Takatomo Hachinohe, fundador do Komazushi, um dos restaurantes mais famosos de São Paulo. Hachinohe teria reconhecido em Jun qualidades de um sushiman, e este, aproveitou o que podia. Jun assumiu os sushis do restaurante do mestre após sua morte, a pedido da viúva e da filha dele.

Para Jun, a comida tem que encantar, tem que ter alma. Se não encantar, então não é boa. Ele citou o Mocotó do Rodrigo Oliveira, outro encantador. E os dois até que se parecem, começam tímidos, mas quando o assunto comida toma conta da conversa, se soltam totalmente. Estão em casa.

Se o segredo da comida, está no encantamento, o do sushi está no arroz. Esses dois aprendizados foram os mais importantes da vida de Jun, que aos 43 anos, comanda seu próprio restaurante mantendo práticas que os velhos mestres adotavam para garantir qualidade: escolhe pessoalmente tudo o que utiliza como o peixe, o arroz, o shoyu, o wasabi e o vinagre etc.

Ao ser questionado sobre os utensílios que utiliza, ele falou sobre a importância da faca e de outros itens importantes da cozinha, mas deixou claro que isso não é o essencial. Afinal, "culinária não é razão, é emoção, os utensílios não passam de instrumentos, mas se for possível, utilize o melhor". Ele citou o ex-nadador Carl Lewis: Ele não era o melhor nadador porque usava a melhor sapatilha, mas, com certeza, usava a melhor sapatilha.

O bate-papo fez parte de um ciclo de três palestras sobre gastronomia japonesa, promovido pela Fundação Japão: a primeira, com Josimar Melo, e a segunda, com Arnaldo Lorençato. O ciclo todo foi muito interessante porque fugiu do lugar comum de culturar personalidades. Foi uma troca de experiências entre pessoas que têm em comum a curiosidade e o amor pela gastronomia japonesa, que conseguem enxergar num prato de comida muito além do que uma simples mistura de ingredientes e temperos.

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