Na quarta-feira fui assistir à palestra do Arnaldo Lorençato sobre culinária japonesa na Fundação Japão. Só o conhecia de nome, como crítico gastronômico da Vejinha SP. Fiquei surpresa ao ver que ele é muito mais que um apreciador da comida japonesa. Ele é um conhecedor da cultura e da gastronomia japonesa.
No começo da apresentação dele, ele exibiu um pequeno trecho do filme Noite vazia, que o Walter Hugo Cury fez em 1964. O filme mostra Odete Lara e Norma Bengell (no papel de duas prostitutas) com um cliente num restaurante japonês da Liberdade e a cena que dá inicio ao filme, mostra a cara de pouco caso das duas com a comida do lugar, só esperando a hora de sair dali pra comer uma pizza. Foi interessante o Lorençato mostrar esse trecho do filme no contexto da gastronomia, porque eu o tinha assistido nos anos 1970 quando estava na faculdade e só me lembrava dele como um filme interminável, com algumas pessoas presas entre quatro paredes numa conversa também interminável.
Mas voltando à culinária japonesa, o crítico lembrou que nos anos 1960 era totalmente estranho alguém sair de casa pra comer comida japonesa. Peixe cru, então, nem pensar! Ele também disse que era impensável que a cidade de São Paulo um dia viria a ter mais restaurantes japoneses do que churrascarias. E o que dirá das churrascarias colocarem sushi nos buffets! Temakeria? É moda daqui. A mistureba de sabores? Também. Pra quem quiser saber mais sobre sushis, a revista Made in Japan nº 66 publicou uma matéria extensa sobre o tema (a foto é da matéria)
Sei que meus amigos me chamam de japa paraguaia porque não como peixe nem carne crus, mas eu preservo muitos dos ensinamentos de minha mãe, e um deles é: quanto mais perto do original, ou seja, quanto menos frufru, melhor a comida. O sushi e o sashimi eram comidas servidas nos dias especiais, não era do dia-a-dia, afinal, quem tinha tempo pra ficar enrolando arroz nas algas? Mas o que eu ainda mais gosto é do makizushi, aqueles que os brasileiros chamam de "pneuzinhos" e outros de futomaki (foto) - de alga nori (preta) envolvendo o arroz e um recheio de cenoura, nabo seco, gengibre e o kamaboko (pasta de peixe) cozidos. É delicioso.
Os cozidos também sempre fizeram parte da mesa lá de casa. O melhor era um que se cozinhava num caldo de peixe, shoyu e alga e misturava inhame, nabo, cenoura, gobô (bardana), shitake, tiquá (pasta de peixe), tofu, e uma espécie de gelatina (que eu não gosto até hoje) que é o konnyaku (pasta de raiz konnyaku). Mas o cozido era fantástico e era presença obrigatória em qualquer almoço especial ou festa. Sempre faço em casa, com bastante inhame.
Bem, o ciclo sobre culinária japonesa, que começou com o Josimar Melo, termina na próxima quarta, com a palestra da Jun Sakamoto.
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