Estou lendo o livro “Doces lembranças”, de Chloé Loureiro, que trata de lembranças da autora ligadas à Amazônia e aos doces. Enquanto mergulhava nessas reminiscências dela, me lembrei da "casa dos meninos”, na rua Rufino de Alencar, em Fortaleza, que eu freqüentava assiduamente. Também ficou conhecida como a "Casa da Rufino" Ali moravam fotógrafos como Ed Viggiani (que na época trabalhava com Chico Albuquerque), Jacques Antunes, Alex (me fugiu o sobrenome dele), a Zara, e outros, e circulavam dezenas de outras pessoas que gostavam de fotografia, cearenses ou não, como Silas de Paula, Celso Oliveira, Zinia Araripe, Vidal Cavalcante, Terezinha Pozzi, Carlota Araújo, Thais Costa, eu, e tantos outros.
Nas redondezas, dois botecos: o Mané Bofão e o Kbeça de chave. O primeiro fazia panelada toda semana. Colocava um panelão quase da minha altura (tenho o equivalente a uma fita métrica) na calçada, e ali mesmo punha-se a cozinhar tripas, bucho, mocotó e mais algumas coisinhas. A coisa começa a cheirar (e mau) no sábado de manhã e seguia pelo final de semana. Apesar de ser aventureira, ficava sempre com um pé atrás com essa gororoba gordurenta e mau-cheirosa. Mesmo sob o sol escaldante vinha gente de todos os cantos da cidade pra saborear a tal panelada.
O outro botequeiro era o Kbeça. De onde saiu esse nome não sei, mas lembro que todas as equipes da redação do jornal onde eu trabalhava passavam por ali a caminho da redação depois de cumprir suas pautas. Sinuca e cerveja. Esse era o segredo dele. E uma moçada incrível que a gente encontrava a qualquer hora do dia ou da noite. Depois de muito tempo vim descobrir que o Kbeça era um fugitivo da polícia, que tinha matado alguém no Rio. Imagine lugar mais público pra se esconder: um boteco coalhado de jornalistas! Escolheu bem.
Acho que nenhum dos dois existem mais. A "casa dos meninos” rendeu até uma mesa no Dia Mundial da Fotografia em Fortaleza. A prefeitura de lá promoveu um ciclo DeVERcidade – Encontro de Olhares sobre a Cidade e convidou o Ed, o Celso, o Jacques, o Silas, o Arnaldo Fontenele e outros fotógrafos para um painel chamado "Casa Rufino". Achei ótimo.
Nas redondezas, dois botecos: o Mané Bofão e o Kbeça de chave. O primeiro fazia panelada toda semana. Colocava um panelão quase da minha altura (tenho o equivalente a uma fita métrica) na calçada, e ali mesmo punha-se a cozinhar tripas, bucho, mocotó e mais algumas coisinhas. A coisa começa a cheirar (e mau) no sábado de manhã e seguia pelo final de semana. Apesar de ser aventureira, ficava sempre com um pé atrás com essa gororoba gordurenta e mau-cheirosa. Mesmo sob o sol escaldante vinha gente de todos os cantos da cidade pra saborear a tal panelada.
O outro botequeiro era o Kbeça. De onde saiu esse nome não sei, mas lembro que todas as equipes da redação do jornal onde eu trabalhava passavam por ali a caminho da redação depois de cumprir suas pautas. Sinuca e cerveja. Esse era o segredo dele. E uma moçada incrível que a gente encontrava a qualquer hora do dia ou da noite. Depois de muito tempo vim descobrir que o Kbeça era um fugitivo da polícia, que tinha matado alguém no Rio. Imagine lugar mais público pra se esconder: um boteco coalhado de jornalistas! Escolheu bem.
Acho que nenhum dos dois existem mais. A "casa dos meninos” rendeu até uma mesa no Dia Mundial da Fotografia em Fortaleza. A prefeitura de lá promoveu um ciclo DeVERcidade – Encontro de Olhares sobre a Cidade e convidou o Ed, o Celso, o Jacques, o Silas, o Arnaldo Fontenele e outros fotógrafos para um painel chamado "Casa Rufino". Achei ótimo.
4 comentários:
Cara Andarilha, é a primeira vez na vida que eu entro num blog e faço algum comentário. Bacana a lembrança de uma casa que, sem pretensão, fez história. Você foi uma pessoa especial que passou por lá. Parabéns pelo Blog.
Beijo,
Ed
engracado, estive com o Ed final de semana passado, e ele me contou a historia da casa. Estavamos num papo sobre coletivos de fotografos, novidades na fotografia, vanguarda e coisas afins... Acho incrivel como coisas maravilhosas nascem de acoes que sao tao naturais e inevitaveis em determinados periodos de nossas vidas. Adorei o blog, adorei a historia da Rufino.
Anônimo Ed e público Rodrigo,
A casa da Rufino foi um marco na cidade de Fortaleza e na vida das pessoas que viveram nela ou que circularam por ali. Na intensidade dos nossos vinte e poucos anos, tudo era novidade. Trabalhávamos muito, mas também nos divertíamos muito, com inúmeros amigos à nossa volta. Sol e cerveja pra nós, e guaraná pro Ed, que nunca bebeu e pelo que sei continua não bebendo. Só a paixão pelo Corinthians continua igual!
bjs.
ê tempo bom! e eu tava lá...
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