quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Vila Mariana está subindo

Escrevi a uma amiga que morava na minha rua e hoje está no Canadá, que a casa da família dela, junto com um monte de outras casas, tinha sido derrubada. Mais um prédio vai subir ali.


Ela me respondeu: “Pois a velha Vila Mariana está ficando vertical. Esta morrendo aos poucos, assim como as padarias, as feiras ... tudo que fazia de Sao Paulo um lugar legal. Me lembro do velho bonde que ia até Praça da Se, a loja de armarinhos da Turca, ali na esquina entre a Neto de Araújo, Bartolomeu de Gusmão e Lins. O clube de bocha. E a padoca, Flor da Lins ... E os japoneses que vinham vender tofu, ou que traziam o São Paulo Shimbum, e o tintureiro. Todos esses japinhas vinham de bicicleta. Imagino se o sapateiro, esqueci o nome dele, continua la.”


Pois é, e eu respondi que dessa turma toda, só o sapateiro continua ali. Por incrível que pareça, eu o conheço desde que troquei a Vila Madalena pela Vila Mariana, mas também não sei o nome dele. É português com certeza. Na região se instalou uma colônia portuguesa grande que se reunia, segundo minhas vizinhas companheiras de ponto de ônibus, em torno de uma bica que existia no bairro. Passavam o domingo fazendo piquenique, com toalha estendida sobre a grama e muita comida e bebida sobre ela. E a criança correndo solta. Imagino a cena. E olhe que não se passaram tantos anos assim, desde que o centro da cidade se expandiu e derrubou a mata pra dar lugar a casas, e agora aos prédios.


Eu não vivi muito essa fase do bonde. Cheguei em São Paulo com a família em 1964 e nessa mesma década o bonde deixava de circular na região.Mas ainda peguei a época em que o entregador deixava a garrafa de leite cheia sobre o muro e levava o vasilhame vazio. Eram bons tempos esses.


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