terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mocotó merece a fama

Alguns amigos já tinham ido ao Mocotó, um restaurante de comida nordestina da zona Norte de São Paulo. Adiei, adiei, mas domingo acabei batendo lá. Como já tinha sido avisada, marquei com os amigos na porta do lugar às 11h30. Bem, ao meio-dia, horário em que o restaurante abre, a calçada já estava cheia. E assim ficou até o meio da tarde, quando fomos embora.


O Mocotó merece a fama que tem. De leve, lembra as “Casas do Norte”, que na verdade são Casas do Nordeste. São aqueles empórios de tijolo aparente nas paredes e onde se vende cachaça, jabá, tira-gostos típicos. A semelhança pára aí. Nos mínimos detalhes se percebe a mão de um artista na cozinha. Os tira-gostos são demais: pedaço de jabá, cabeça de alho assada no azeite, torresmo (servido com uma bandinha de limão cravo e outra de limão taiti), e muito mais. As comidinhas são servidas em diversos tamanhos: mini, pequena, média e grande. Ou seja, dá pra provar de tudo. O atolado de bode, que em outros lugares seria chamado de carré de qualquer coisa, tão linda a apresentação, estava perfeito.

Os garçons passam com mini tigelinhas brancas, ou ramequins, que escondem delícias como baião-de-dois, caldo de mocotó, mocofava, favada, feijão-de-corda, atolado, atolado de bode, e outras delícias. Tem saladas também, mas quem é que quer saber de salada com tanta coisa quente e gostosa pra acompanhar a cervejinha e a pinguinha?

Como tenho vergonha de ficar tirando foto dos pratos na mesa dos restaurantes, tomei emprestada essa que a Neide Rigo do blog Come-se fez. É a mocofava.


Ah, já ia esquecendo de falar do artista da cozinha. É o Rodrigo Oliveira, um garoto de 28 anos, que toca a cozinha do Mocotó e fez o restaurante acontecer. Além de bom cozinheiro, uma simpatia.


Mocotó

Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100 - Vila Medeiros - fone: 2951-3056 (quem quiser beber, pode ir de metrô - até o Tucuruvi e depois um táxi). E não adianta ter pressa, porque é muito grande, tem muitos lugares, mas também tem muita gente. Então, se quiser ficar numa boa, chegue cedo.

sábado, 27 de setembro de 2008

E Paul Newman voou

Eu nasci em 1958 e entre tantas coisas boas que aconteceram, além do meu nascimento, é claro (nenhuma modéstia me foi dada ao nascer, como podem ver), estreou no cinema o filme "Gata em teto de zinco quente", estrelado por Paul Newman e Elizabeth Taylor. Sucesso absoluto, ambos símbolos sexuais à época. Bem, outro dia vi um filme, do tipo "Sessão da Tarde", com o Kevin Costner fazendo o papel de um construtor de barcos viúvo, que tinha como companhia o pai, nada menos que Paul Newman, lindo de morrer, no estilo "quanto mais velho melhor!".

Agora, lendo sobre a morte dele, vejo que ele protagonizou um filme do qual tenho uma lembrança engraçada. Uma certa noite, quando morava em Brasília, fui com uma amiga ao cinema da Cultura Inglesa pra assistir a uma comédia. Ambas estávamos muito tristes e resolvemos que precisávamos rir um pouco. Uma rápida passada de olhos no jornal, e pimba!, lá estava o filme que precisávamos. A necessidade era tanta que saímos debaixo de um pé d´água federal e nos metemos no lamaçal que havia se formado em frente à Cultura Inglesa.

Passados alguns minutos do filme, a desgraça que se descortinava na tela era tão grande, que olhamos uma pra outra e perguntamos quase ao mesmo tempo "afinal, quando é que a gente vai começar a rir?". Bem, o filme não era o Quinteto Irreverente, e sim, O Quinteto. Como podem ver, a passada de olhos pelo jornal foi rápida demais! Ao invés das estripulias de um grupo de 5 amigos italianos de Mário Monicelli, o que passava na tela era a história de 6 sobreviventes numa região mais que gelada onde, pra azar do grupo, só havia mantimentos para 5 deles. Então, tinham que escolher entre si quem ia ficar sem a ração, ou seja, morrer. Coisa de Robert Altman. Saímos correndo do cinema, antes que mais desgraça caísse sobre nós. No final, acabamos rindo da confusão.

Quem sabe um dia ainda me encorajo e assisto ao filme do Altman, porque é verdade que o cinema imortaliza as pessoas, não é mesmo? E Paul Newman já está guardadinho na memória. Afinal, quem pode esquecer dele nos filmes Cálice sagrado, O Indomado, Butch Cassidy and the sundance kid e Um golpe de mestre? Isso só pra citar os que eu mais gosto.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Meu nome é cupuaçu!


Como alguns leitores sabem, estou às voltas com o TCC sobre o cupuaçu. Uma amiga encontrou a fruta num mercado aqui de São Paulo e me trouxe. Por alguns dias ele ficou “empestiando” minha sala no trabalho. Os meninos que dividem a sala comigo foram educados e não reclamaram, mas devem ter suspirado de alívio quando levei a fruta pra casa.


Hoje resolvi abrir o cupuaçu. Dei umas três pancadas com as costas de um cutelo e ele se abriu. É lindo. A polpa se solta inteira, como se estivesse dentro de uma capsula. Depois, é a maior mão-de-obra pra tirar a polpa. Caroço por caroço, é preciso cortar a polpa com uma tesoura bem afiada. No restinho que fica pregado no caroço, a gente faz um pouco de massagem e deixa na água por algumas horas. Taí o vinho de cupuaçu, que vem a ser um suco mais ralo.

E pra não dizerem que eu só penso em comida...

Tinha muita comida no Revelando São Paulo, mas o artesanato não ficou atrás. Gostei muito dos pássaros, frutos e outros materiais em madeira que o pessoal de São Sebastião trouxe. E São Francisco Xavier, São Luiz do Paraitinga e as figureiras de Taubaté também merecem a visita. Até domingo ainda dá pra passear por lá. Mas é bom chegar cedo (funciona das 9h às 20h).





quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Qual é mesmo a nossa comida?

Estive domingo no Revelando São Paulo e como acontece todos os anos, me esbaldei com o bolinho caipira. É um bolinho feito de massa de milho e recheado de carne moída. É tudo de bom. Como ia pra um churrasco, não almocei lá, mas tinha muita coisa boa. O Revelando só termina domingo.
Quem quiser dar uma passada no Parque da Água Branca, vá cedo pra evitar a multidão.


Tinha muito doce: cocadas, cajuzinho, canudos, doce de abóbora, batata doce e roxa, pau-a-pique (ou joão deitado) que é aquela broa assada na folha da bananeira, pamonha e muito mais.




As fotos: azul marinho e galinhada, cocada, pau-a-pique, bolinho caipira de frango, um misto pra quem não tem medo do colesterol (leitão, costelinha,]linguiça)!

sábado, 13 de setembro de 2008

Bauruzinho destrona o menino Jesus de Ananindeua

Devo um pedido de desculpas ao povo de Ananindeua, no Pará. Comentei aqui no blog que tinha encontrado um páreo duro para a nossa estátua do Borba Gato, a meu ver uma das coisas mais feias sobre a face da terra. Mas justiça seja feita: feio por feio, estava aqui mesmo no estado de São Paulo uma estátua pra deixar o Borba Gato no chinelo. É o Bauruzinho, da cidade de Bauru. O proprietário de um supermercado de lá resolveu homenagear o famoso sanduiche, que segundo conta um site oficial da prefeitura, foi inventado por ali mesmo.

O monumento só ficou famoso porque alguns estudantes tiveram a brilhante idéia de roubar o tal Bauruzinho, que seria como um mascote da cidade. Na manhã de 5 de setembro, no local onde ficava o monumento, restavam apenas os seus pés, que vem a ser duas rodelas de tomate. Pasmem! é verdade.


Os estudantes não deviam ser do metiê porque logo foram identificados e presos. Bem que eles mereceram. Roubar o Bauruzinho???? Tanta coisa pra roubar! Tinham que ser presos mesmo! As fotos peguei emprestadas do site da 94FM, rádio local. Na segunda foto, os estudantes levando o monumento pela rua.

Bem, mas voltando ao Bauru, que em São Paulo comemos no Ponto Chic como sendo o original, é um sanduiche muito saboroso e sua receita é simples. Essa peguei no site Tradicional Sanduiche Bauru:


“Pão francês sem miolo
Uma porção de queijo
Fatias de roastbeef
Rodelas de tomate
Rodelas de pepino (picles)
Sal e orégano a gosto

Divida o pão em duas partes e retire o miolo. Coloque o roastbeef frio (o roastbeef deve ser preparado com antecedência.) em uma das partes. Sobre o roastbeef, disponha rodelas de tomate e as de pepino. À parte, prepare o Banho-Maria, coloque um pouco de água numa assadeira para esquentar. Coloque o queijo que, ao derreter, deve ser retirado e disposta na outra fatia de pão. Una as duas fatias do pão. O calor do queijo aquecerá os demais ingredientes do sanduíche.”

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A festa da cultura paulista no Parque da Água Branca


Começa hoje e termina no outro domingo, dia 21, o Revelando São Paulo, a feira de artesanato, comidas típicas e cultura dos municípios do Estado de São Paulo. Como diz a amiga Aurora Boreal, ir ao Revelando é garantia de felicidade; é ali que ela reafirma sua origem olimpiense. Eu gosto de ir ao Revelando porque adoro artesanato e comidas típicas. Vem as figureiras de Taubaté, os artesãos da madeira de Embu e São Luiz do Paraitinga, e muito mais. Pra comer? Bolinhos caipiras, azul marinho, afogado, biscoitos diversos e aquele cafezinho em cima do fogão a lenha... Esse fogão da foto é da minha cunhada, que resolveu fazer comida boa dentro da cidade. Se é doida não sei, mas que a comida é boa, é.

Pra criançada e pra quem quer relembrar a infância, é uma festa. Tem cavalhada, congada, moçambique, grupos de violeiros, grupos de dança e muito mais manifestações culturais.


Serviço
Revelando São Paulo – XII Festival da Cultura Paulista Tradicional
De 12 a 21 de Setembro das 9h às 21h no Parque da Água Branca - Av. Francisco Matarazzo, 455, Perdizes, São Paulo – SP

O manacá


Descobri que este manacá plantado nos jardins da Fundação Perseu Abramo tem história. Ele não está ali só pra enfeitar o jardim. Foi plantado há 10 anos pra homenagear Angela Borba, feminista, militante petista e conselheira da própria Fundação, que um aneurisma cerebral levou em agosto de 1998.

Angela foi uma das responsáveis por introduzir o debate sobre o papel da mulher na política e na sociedade. E pra isso ela não poupou esforços dentro e fora de seu partido, o PT. Foi uma das coordenadoras da campanha de Lula em 1989, mas não chegou a vê-lo assumir a presidência em 2002 e 2006, nem viu as mulheres petistas que hoje estão no poder como Ana Júlia, no governo do Pará, Dilma, no primeiro escalão do governo federal, Marina Silva, que esteve no Ministério do Meio Ambiente, Nilcéa Freire, na Secretaria Especial de Mulheres, e por aí vai.

Mas o manacá está ali, florescendo ano após ano, num renascer constante. Sem dúvida, uma bela maneira de se homenagear alguém.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Dizem que a curiosidade matou o gato


Jornalista que é jornalista é curioso por natureza e nem por isso anda morrendo por aí, salvo exceções. E os gatos, então, não dizem que têm sete vidas?

Com a desculpa de conversar com o proprietário do restaurante Amazônia pra reunir algumas informações sobre o feitio de doces com o cupuaçu, me larguei atrás do tal restaurante. Acho que estava movida pela saudade dos sabores recém descobertos em Belém. Pra quem conhece São Paulo, a melhor referência é esta: fica ao lado do C... Que Sabe, no Bexiga, que é aquela cantina italiana que está no mesmo lugar há mais de 60 anos (antigamente era o Mama Rosa) e onde as pessoas são recebidas na calçado por um italiano bem avantajado, sinal de que come ali todos os dias.

Bem, mas voltando ao Amazônia, é um lugar simples, onde o que importa mesmo é a comida. Depois de alguns minutos de conversa com o paraense Paulo Leite, já trocávamos receitas feito duas comadres: "um quilo de açúcar pra um quilo de polpa? É demais!" E ali ficamos trocando impressões culinárias. Cerpinha gelada, casquinho de carangueijo, pato no tucupi. E pra arrematar, uma provinha de sorvete de tapioca. Só a provinha, porque não cabia mais nada no meu saco quase sem fundo!

Pra quem tem saudades das delícias do Norte, vale a visita porque o cardápio está recheado de coisas boas. Enquanto estava lá, chegou um casal indicado pela Mara Salles, do Tordesilhas. E assim tem sido, segundo Paulo: um recomenda para o outro e as pessoas vão chegando.

Corrigi o número do telefone do restaurante no post anterior. Por isso, se alguém anotou, por favor corrija também.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Comida amazônica em São Paulo

A cidade andava órfã de um restaurante totalmente dedicado à culinária amazônica. A lacuna era preenchida pelo Tordesilhas e alguns outros que incluiam alguns pratos no seu cardápio. Na semana passada, soube que o mesmo dono dos finados restaurantes Tucupi e Carimbó, fechados em 2002 e 2004, respectivamente, abriu uma nova casa no Bexiga, oferecendo comida simples da Amazônia. Li um comentário do Josimar Melo que o lugar é simples, e a comida honesta. E ele conta o que mais tem lá: "um reconfortante caldinho de caranguejo (pode ser também de piranha); o intenso e revigorante tacacá (com tudo a que tem direito: caldo de tucupi, goma de mandioca, folhas e folhas de jambu, camarão seco); peixes como pirarucu e tambaqui (deste, embora seja oferecida a costelinha, o que vem é um filé), preparados na chapa; a maniçoba (carnes de porco e bovina na pasta de folhas de mandioca); e, claro, pato no tucupi." E de sobremesa, sorvetes variados de milho, tapioca, açaí, taperebá, entre outros.

Vou lá conferir qualquer hora dessas.

Amazônia: rua Rui Barbosa, 206 (Bela Vista, região central), tel. 0xx11 3142-9264 /Funcionamento: ter a sex, 19h/23h30; sáb, 12h/16h e 19h/23h30; dom, 12h/16h. CC: todos

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Livro "Culinária Colonial de Santa Catarina" para download



Agricultores familiares de Santa Catarina se organizaram para abrir suas casas para o agroturismo e criaram o projeto Acolhida na Colônia (associada à Rede Accueil Paysan, que atua na França desde 1987) que tem a proposta de valorizar o modo de vida no campo através do agroturismo ecológico.

Vejam no menu ao lado, no bloco do Slowfood, o link para o livro “Culinária Colonial de Santa Catarina” que vai remeter pra página da Acolhida na Colônia. O livro é lindo e as receitas superfáceis de fazer.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Vendedores de frutas

Vi uns vendedores de quinquilharias num farol e lembrei que tinha fotografado alguns vendedores de frutas nas minhas viagens. Aproveito pra compartilhar.


Vendedor de pitomba - Recife



Vendedor de caju e jambo - Recife



Vendedora de cupuaçu - mercado de São Luiz



Vendedor de melancia - Feira de Caruaru



Vendedor de melão - feira livre São Paulo

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Círio de Nazaré, Patrimônio imaterial da cultura brasileira


Ainda impregnada da minha viagem a Belém, fui ver a exposição do Círio de Nazaré que está no Espaço Cultural Fiesp. É uma exposição simples, mas muito, muito bonita. São quatro mil peças em miniatura, feitas de miriti (é uma fibra muito leve e muitos enfeites são feitos com ela; é tão fina e delicada que a gente acha que vai quebrar) reproduzindo a procissão que acontece todos os anos no mês de agosto, em Belém. A procissão de miriti é super colorida e a gente vê muitos dos romeiros levando suas oferendas e promessas sobre a cabeça. Alguns levam a casa, outros o barco, outros ainda o peixe. São os desejos a serem transmitidos para Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio, ou seja, a casa própria, o barco e a abundância do peixe. Ah, e todas essas miniaturas estão cercadas pela corda que é utilizada no dia do Círio.

Pra completar, inúmeros mantos que cobriram a santa em diferentes anos estão expostos também. Os mantos são ricamente bordados com miçangas, flores, fios de seda e outras pedrarias. A exposição fica só até sexta, dia 5 (das 9 às 18h) - Av. Paulista, 1313.

O Círio de Nazaré acontece todos os anos no segundo domingo de outubro. É uma tradição que começou em 1.700, ou seja, há 300 anos! No dia do Círio, o povo vai pra rua reverenciar Nossa Senhora de Nazaré, seja pra pedir coisas, ou pra agradecer pelo que se conseguiu durante o ano. Em todas as casas, um prato obrigatório é o pato no tucupi. Soube lá em Belém, que muitos encomendam o prato a cozinheiras famosas e que o consumo de pato é tão grande, que o comércio local chega a importá-lo do Canadá. Imagino que também deve ser reforçada a produção da Serpinha!

(foto: Divulgação)