Instalada num vale, entre Taubaté e Ubatuba, São Luiz do Paraitinga foi coberta pelas águas há dois anos e seus moradores recomeçaram a reerguer suas vidas. A cidade já recebe turistas e já promove as tradicionais festas que a consagraram como destino de muitos paulistanos que dão valor à cultura popular.
No carnaval só entram
as marchinhas. Carros ficam de fora do centro. Só foliões dispostos
a brincar. Eventos de diferentes tipos ocupam partes diferentes da
cidade. Quem gosta de folia vai pra um lado, quem gosta de calmaria,
vai pra outro. Ou seja, tem pra todo mundo.
A Festa do Divino é
famosa. Quando eu fazia faculdade, no final dos anos 1970, não
perdia a festa. Adorava ver a Cavalhada - a disputa entre mouros e
cristãos, a Congada, as danças de diversos grupos que vinham de
toda a região. A fila do afogado - cozido de costela com mandioca,
servido com arroz - serpenteava pelas ruas da cidade e pelo morro.
Cada um levava seu prato e seu garfo e ficava nessa fila. Tinha
comida pra todo mundo. No outro dia, mal amanhecia o dia, de novo na
fila. Dessa vez pra pegar paçoca de amendoim e café. Em cada mão
uma caneca: uma para a paçoca, uma para o café.
As ruas eram tomadas
por grupos que vinham se apresentar no coreto da praça principal.
Na Igreja Matriz, inúmeras missas juntavam os fiéis, que depois
saiam em procissão. Novenas eram mantidas e centenas de pessoas
rezavam nas casas e nas igrejas.
Hoje os fiéis
católicos ainda seguem firmes, apesar da debandada de uns tantos
para outras religiões (sentimento meu). A missa não é celebrada na
Igreja, afinal ela veio abaixo na enchente. Vai ser levantada, mas
por enquanto continua no chão. A missa é rezada debaixo de um toldo
branco montado na praça, em frente à inexistente escadaria da
matriz.
O desfile de cavaleiros
pelas ruas, paramentados de vermelho e azul anunciam que dali a pouco
- mouros e cristãos vão entrar em combate. Anunciam o local da
disputa, e os cavaleiros são seguidos pela multidão.
A fila para o afogado e
para a paçoca com café continuam lá. Hoje, as pessoas levam
diferentes vasilhas pra colocar o afogado, e a paçoca é servida em
copinhos de plástico. Tem paçoca doce (de amendoim), e a salgada
(de carne). O café continua o mesmo. Bem docinho.
Mas durante o ano tem muita atividade na cidade. O Soca Paçoca é um evento que ensina a fazer as duas paçocas; o Festival de Inverno, leva pra cidade muita música; a Festa do Saci e seus Amigos também é momento de muita música e folclore.
Aliás, a sede da Sosaci, a Sociedade dos Observadores de Saci, fica ali, no Sol Nascente, restaurante da Alice Nakao, que escolheu a cidade pra viver. Tem gente que jura que o danado anda por lá fazendo peraltices!
Pois é, pra São Luiz do
Paraitinga vai quem quer sossego. E vai quem quer agito. Tem dos
dois. Se não quiser fazer nada, não faz. Se quiser fazer, faz. Bom
demais ter escolhas, não é mesmo?
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