Quem quiser conhecer e prestigiar as "Mães de Maio", elas estarão no sábado na Praça Benedito Calixto autogrando o livro Do luto à luta. O movimento foi criado a partir da matança ocorrida em 2006, em São Paulo, quando 493 pessoas foram assassinadas em São Paulo entre os dias 12 e 20 de maio daquele ano. O movimento é integrado por mães, familiares e amigos de vítimas da violência e luta para exigir investigação e responsabilização pelos crimes e para que eles não caiam no esquecimento.
Os Crimes de
Maio de 2006 podem ser definidos como uma matança decorrente da
contra-ofensiva da polícia de São Paulo aos ataques da organização criminosa
Primeiro Comando da Capital (PCC), em maio de 2006. De acordo com a própria
Secretaria de Segurança Pública, o PCC foi responsável pela morte de 47 pessoas.
No entanto, no período de 12 a 20 de maio, 493 pessoas foram assassinadas por
armas de fogo, de acordo com informações do Conselho Regional de Medicina
(Cremesp). Ou seja, os demais 446 assassinatos entraram para as estatísticas de
crimes não esclarecidos. Há fortes indícios de que as mortes tenham sido
praticadas por policiais em represália aos ataques do PCC. Os episódios teriam
sido provocados por uma guerra entre bandidos e os agentes do Estado de São
Paulo. Os policiais estavam sob o comando do então secretário de Segurança
Pública, Saulo Abreu de Castro, que ordenou para todos os policiais saírem “à
caça dos suspeitos”. Parentes das vítimas desses crimes iniciaram uma luta por
justiça e para que esses crimes não caíssem no esquecimento. Nasceu assim o
movimento Mães de Maio.
Mães de Maio
-
É uma rede de Mães, Familiares e Amigos de vítimas da violência do Estado
Brasileiro (principalmente da Polícia), formado aqui no estado de São Paulo a
partir dos famigerados Crimes de Maio de 2006. Foi a partir da Dor e do Luto
gerado pela perda de nossos filhos, familiares e amigos que nos encontramos, nos
reunimos e passamos a caminhar juntas. “Nossa missão é lutar pela Verdade, pela
Memória e por Justiça para todas as vítimas da violência contra a população
Pobre, Negra, Indígena e contra os Movimentos Sociais brasileiros, de Ontem e de
Hoje. Verdade e Justiça não apenas para os mortos e desaparecidos dos Crimes de
Maio de 2006 ou dos Crimes de Abril de 2010, mas para todas as vítimas do
massacre contínuo que o estado pratica historicamente no país. Nosso objetivo
maior é construir, na Prática e na Luta, uma sociedade realmente Justa e Livre.”
(www.maesdemaio.blogspot.com.br).
Sobre o livro
“Do Luto a Luta” – Lançado para lembrar os cinco anos dos crimes de
Maio de 2006, apresenta relatos das mães, poesias e contribuições em forma de
artigo sobre a luta em prol dos direitos humanos de
organizações parceiras das Mães de Maio. Reúne textos de mães e familiares:
Débora Maria (mãe de Edson Rogério), Ednalva Santos (mãe de Marcos), Vera de
Freitas (mãe de Mateus), Francisco Gomes (pai de Paulo), Francilene Gomes (irmã
de Paulo), Ângela Moraes (mãe de Murilo), Rita de Cássia (mãe de Rogério) e
Flávia Gonzaga (mãe de Marcos Paulo). Traz também poesias de escritores
periféricos: Sérgio Vaz (Cooperifa), Michel Yakini (Elo da Corrente), Sarau da
Brasa, Marcelino Freire, Rodrigo Ciríaco (Cooperifa e Mesquiteiros), Poeta
Dinha, Hélber Ladislau (Cooperifa), Rapper GOG (DF), Jairo Periafricania
(Cooperifa) e Armando Santos (São Vicente-SP). Também inclui análises de outros
parceiros, entre eles Luiz Inácio, membro do Fórum Estadual de Juventude Negra
(Fejunes), que escreve sobre o extermínio da juventude negra no Espírito Santo.
Os demais parcerios são Rede Contra a Violência (RJ), Alípio Freire, Danilo
Dara, Jan Rocha, Lio Nzumbi (Reaja-BA), Sérgio Sérvulo e Tatiana Merlino. As
Ilustrações ficaram por conta do artista-parceiro Carlos Latuff (RJ), e o
Projeto Gráfico pela companheira-designer Silvana Martins (Sarau da Ademar). O
livro foi apoiado e só poderia ter sido realizado com a importante força das
compa-jornalistas Ali Rocha, Maria Frô e Rose Nogueira, além do apoio
fundamental do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
O stand
Raizarte é uma livraria
circular, que tem por objetivo de trazer um grupo de mulheres vendedoras da
“Revista Ocas" e de outras literaturas para geração de renda de forma
alternativa e autônoma. O Stand circula por festas, reuniões, eventos e
faculdades levando a literatura e a informação para as pessoas, independente de
adquirirem nosso material, porque além da venda nos importa informar e manter a
comunicação, alegria e aproximação com todos, podendo também, nessa forma de
trabalho, mostrar nossa arte.
Gilmar -
É
cartunista, tem mais de 40 anos, publica seus desenhos em jornais, revistas e
livros. É autor de cinco coletâneas de tiras, três delas adotadas pelo governo
para distribuição em bibliotecas públicas. O livro mais recente: “Ocre -
Quadrinhos não recomendáveis para pessoas românticas”. Recebeu o prêmio HQ MIX
de melhor cartunista brasileiro e em 2006 conquistou o Prêmio Jornalístico
Vladimir Herzog com a Charge “Matou Morreu” sobre o enfrentamento da polícia e o PCC
em 2006. Saiba mais: www.gilmaronline.zip.net.
O projeto O Autor na Praça
O projeto O Autor
na Praça começou no dia 1º de Maio de 1999 e teve como primeiro convidado o
dramaturgo e escritor Plínio marcos, que se tornou padrinho do projeto e dá nome
ao espaço onde acontece (tenda na feira de Artes da Praça Benedito Calixto),
naquela ocasião Plínio autografou uma nova edição do livro “Querô – uma
repostagem maldita”. Além de comemorar os 13 anos do projeto e do espaço
Plínio Marcos, queremos manifestar nosso apoio ao movimento por justiça contra a
violência policial oocorrida em maio de 2006, recebendo o Movimento “Mães de Maio”, em tarde de autógrafos
do livro “Do Luto à Luta”, leituras e depoimentos. Contaremos
também com a participação do Stand
Raizarte, que reúne mulheres vendedoras da Revista OCAS e a presença do cartunista
Gilmar, que recebeu o prêmio
Vladimir Herzog em 2006 com a charge “Matou,
Morreu” sobre o confronto entre a Polícia Militar e o PCC.
O evento vai acontecer das 15 as 18h no Espaço Plínio Marcos
e convidamos a todos para acompanhar a entrega do IV Prêmio Carrano de Luta
Antimanicomial e Direitos Humanos, logo em seguida, as 19h, no auditório da
Biblioteca Alceu Amoroso Lima, basta sair da praça e atravessar a Av. Henrique
Schaumann. Outras informações
abaixo.
O
Autor na Praça celebra 13 anos e recebe as “Mães de Maio”.
Espaço
Plínio Marcos – Tenda
na Feira de Artes da Praça Benedito
Calixto – Pinheiros
Dia
19 de maio, sábado, a partir das 15h. (evento
em espaço aberto ao público).
Informações:
Edson Lima – 3739 0208 / 7105 0551 - oanp@uol.com.br.
Realização: Edson
Lima & AAPBC. Apoio:
AEUSP, Grupo Tortura Nunca Mais, Consulado
Mineiro e O Cantinho Português.
Com divulgação do projeto Autor na Praça.
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