quinta-feira, 10 de maio de 2012

Para entender a América Latina



Publicado por Emir Sader. no Blog da Boitempo (ao final da nota, veja a lista dos livros indicados para se entender a América Latina. 

A revista Nueva Sociedad, da Fundaçao Ebert, da social democracia alemã, editada em Buenos Aires e dirigida por Pablo Stefanoni, para comemorar seus 40 anos, perguntou a intelectuais latino-americanos qual livro destacariam como fundamental para entender a América Latina. 13 intelectuais responderam  (eu estou entre eles) e esse conteúdo está no número 238 da revista, que pode ser encontrado em www.nuso.org 
A gama de respostas é muito variada, vai da literatura do cubano Alejo Carpentier a Os sertões, passando pelo peruano Jose Maria Arguedas e pelo cubano Leonardo Padura, entre outros. Responderam escritores conhecidos como o nicaraguense Sergio Ramirez, ensaístas como o colombiano Jesus Martin Barbero e Adolfo Gilly, entre outros.
Sergio Ramirez destaca duas obras do realismo fantástico de Carpentier: O reino deste mundo e O século das luzes. A tematização do poder carismático é clássica na literatura latino-americana das ultimas décadas, com Carpentier, García Marques, Vargas Llosa, entre outros.

A ensaísta argentina Maria Pia Lopez escolhe, para nossa surpresa,
Os sertões, pela ambivalência entre civilização e barbárie, o que torna suas reflexões universais, segundo ela.

O historiador cubano Rafael Rojas elege
Ariel, do uruguaio José Enrique Rodó, como texto clássico que tematiza, a partir do personagem de Shakespeare, as relações entre o centro e periferia.

O grande teórico dos estudos culturais, o colombiano Jesus Martin Barbero, escolheu um clássico dos estudos urbanos,
Latinoamerica: las ciudades y las ideas, do argentino José Luis Romero, que enfoca os temas da urbanização e da modernização nas nossas grandes cidades.

O pensador e militante trotskista mexicano Adolfo Gilly indicou
Os rios profundos, de José Maria Arguedas, pela capacidade de criação literária a partir das identidades e dos idiomas indígenas, do grande escritor peruano.

Samuel Farber, o trotskista norteamericano, escolheu
O homem que amava os cachorros, a extraordinária obra do cubano Leonardo Padura, pela capacidade de expressar os maiores dramas vividos por Cuba e sua revolução.

A historiadora argentina Vera Carnovale optou por
Sobre la violencia revolucionaria, Memorias y olvidos, do argentino Hugo Vezzetti, balanço de obras voltadas sobre as experiências militantes de movimentos revolucionários latino-americanos.

O ensaísta norteamericano John Beverley indicou
Me chamo Rigoberta Menchu, o livro de memórias da líder indígena guatemalteca.

Alfred Stein, economista guatemalteco, escolheu uma das obras do grande pensador cristão Franz Hinkellamert,
El discernimento de los fetiches: Capitalismo y cristianismo.

A historiadora boliviana Carmen Soliz apontou a obra do sociólogo chileno José Bengoa,
La emergencia indígena en America Latina.

O italiano radicado no México, Massimo Modonesi, escolheu uma obra do irlandês também radicado no México, John Holloway,
Agrietar el capitalismo: El hacer contra el trabajo.
O venezuelano Carlos Avila optou por Trabajos del reino, do mexicano Yuri Herrera, uma ficção passada na fronteira do México com os EUA.

Finalmente, eu escolhi
A dialética da dependência, de Ruy Mauro Marini, que considero a melhor chave para entender o desenvolvimento do capitalismo na América Latina.
***
Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas.

x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

¿Qué nos cuentas, América Latina?

Nueva Sociedad 238, Marzo-Abril 2012
Sergio Ramírez Los monstruos de la razón. En diálogo con "El reino de este mundo" y "El siglo de las luces", de Alejo Carpentier.
María Pía López La civilización al descubierto. En diálogo con "Los sertones", de Euclides da Cunha.
Rafael Rojas El lenguaje de la juventud. En diálogo con "Ariel", de José Enrique Rodó.
Jesús Martín Barbero El poder de las masas urbanas. En diálogo con "Latinoamérica: las ciudades y las ideas", de José Luis Romero.
Emir Sader América Latina y la economía global. En diálogo con "Dialéctica de la dependencia", de Ruy Mauro Marini.
Adolfo Gilly José María Arguedas, Mario Vargas Llosa y el Papacha Oblitas. En diálogo con "Los ríos profundos", de José María Arguedas.
Samuel Farber La izquierda y la transición cubana. En diálogo con "El hombre que amaba a los perros", de Leonardo Padura.
Vera Carnovale ¿Por un mundo mejor? En diálogo con "Sobre la violencia revolucionaria. Memorias y olvidos", de Hugo Vezzetti.
John Beverley Subalternidad y testimonio. En diálogo con "Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació la conciencia", de Elizabeth Burgos (con Rigoberta Menchú).
Alfredo Stein La visibilidad de lo invisible. En diálogo con "Las armas ideológicas de la muerte. El discernimiento de los fetiches. Capitalismo y cristianismo", de Franz Hinkelammert.
Carmen Soliz El rostro de América Latina. En diálogo con "La emergencia indígena en América Latina", de José Bengoa.
Massimo Modonesi Las derivas de las izquierdas latinoamericanas. En diálogo con "Agrietar el capitalismo. El hacer contra el trabajo", de John Holloway.
Carlos Ávila La utilidad de la sangre. En diálogo con "Trabajos del reino", de Yuri Herrera.

Nenhum comentário: