sexta-feira, 26 de junho de 2009

E o sushi foi parar na churrascaria!

Na quarta-feira fui assistir à palestra do Arnaldo Lorençato sobre culinária japonesa na Fundação Japão. Só o conhecia de nome, como crítico gastronômico da Vejinha SP. Fiquei surpresa ao ver que ele é muito mais que um apreciador da comida japonesa. Ele é um conhecedor da cultura e da gastronomia japonesa.

No começo da apresentação dele, ele exibiu um pequeno trecho do filme Noite vazia, que o Walter Hugo Cury fez em 1964. O filme mostra Odete Lara e Norma Bengell (no papel de duas prostitutas) com um cliente num restaurante japonês da Liberdade e a cena que dá inicio ao filme, mostra a cara de pouco caso das duas com a comida do lugar, só esperando a hora de sair dali pra comer uma pizza. Foi interessante o Lorençato mostrar esse trecho do filme no contexto da gastronomia, porque eu o tinha assistido nos anos 1970 quando estava na faculdade e só me lembrava dele como um filme interminável, com algumas pessoas presas entre quatro paredes numa conversa também interminável.

Mas voltando à culinária japonesa, o crítico lembrou que nos anos 1960 era totalmente estranho alguém sair de casa pra comer comida japonesa. Peixe cru, então, nem pensar! Ele também disse que era impensável que a cidade de São Paulo um dia viria a ter mais restaurantes japoneses do que churrascarias. E o que dirá das churrascarias colocarem sushi nos buffets! Temakeria? É moda daqui. A mistureba de sabores? Também. Pra quem quiser saber mais sobre sushis, a revista Made in Japan nº 66 publicou uma matéria extensa sobre o tema (a foto é da matéria)

Sei que meus amigos me chamam de japa paraguaia porque não como peixe nem carne crus, mas eu preservo muitos dos ensinamentos de minha mãe, e um deles é: quanto mais perto do original, ou seja, quanto menos frufru, melhor a comida. O sushi e o sashimi eram comidas servidas nos dias especiais, não era do dia-a-dia, afinal, quem tinha tempo pra ficar enrolando arroz nas algas? Mas o que eu ainda mais gosto é do makizushi, aqueles que os brasileiros chamam de "pneuzinhos" e outros de futomaki (foto) - de alga nori (preta) envolvendo o arroz e um recheio de cenoura, nabo seco, gengibre e o kamaboko (pasta de peixe) cozidos. É delicioso.

Os cozidos também sempre fizeram parte da mesa lá de casa. O melhor era um que se cozinhava num caldo de peixe, shoyu e alga e misturava inhame, nabo, cenoura, gobô (bardana), shitake, tiquá (pasta de peixe), tofu, e uma espécie de gelatina (que eu não gosto até hoje) que é o konnyaku (pasta de raiz konnyaku). Mas o cozido era fantástico e era presença obrigatória em qualquer almoço especial ou festa. Sempre faço em casa, com bastante inhame.

Bem, o ciclo sobre culinária japonesa, que começou com o Josimar Melo, termina na próxima quarta, com a palestra da Jun Sakamoto.

O novo homem

Só uma curiosidade. Folheando um catálogo da Avon me deparei com a oferta de uma camiseta modeladora para homens. É a Esbelt camisete skin masculino. A promessa? Comprime e afina o abdômen. O custo? R$ 99,90. Sempre vejo matérias de homens que frequentam o pedicuro, fazem massagem, lifting e outros tratamentos de beleza, mas modelador? Essa é nova.

E por falar em novo homem, assisti à peça escrita pelo Contardo Caligaris - O Homem da Tarja Preta - sobre o novo homem e suas agruras. Agrura mesmo foi ficar até o fim, a peça era cheia de clichês. Só fiquei até o fim em respeito ao ator, o Ricardo Bittencourt, que era muito bom. A gente vai ao teatro ou ao cinema movido por um diretor, por um roteirista, por um ator. E chega lá...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Os 65 anos do Chico


Só pra registrar. Hoje é aniversário do Chico.

A foto é um detalhe de um lindo poster que o Douglas Mansur fez há alguns anos.

À procura de um olhar: Fotógrafos franceses e brasileiros


O time de fotógrafos é este: Pierre Verger, Marcel Gautherot, Claude Lévi-Strauss, Jean Manzon, Bruno Barbey, Olívia Gay e Antoine D’Agata, Mauro Restiffe, Tiago Santana (foto acima), e Luiz Braga.

Por aí já dá pra sentir que a exposição À procura de um olhar: Fotógrafos franceses e brasileiros que está na Pinacoteca é sensacional. Diante de algumas imagens dá vontade de chorar. A realidade crua, bonita, feia, cruel, tudo ali, na sua maioria em preto e branco. Tiago Santana é, sem dúvida, um dos melhores do Brasil e foi ótima escolha pra representar nossos profissionais.

A exposição faz parte das comemorações do Ano da França no Brasil e fica na Pinacoteca até 28 de junho de 2009.

Afinal, como morre o peixe?

Na quarta, 17, assisti ao bate-papo com o Josimar Melo na Fundação Japão. Ele foi convidado pra falar sobre as impressões gastronômicas do estrangeiro - ele, no caso - numa viagem ao Japão. Ele esteve no Japão pela primeira vez há mais ou menos 14 anos e falou sobre as diferenças que encontrou em fevereiro passado, quando ficou por lá uns 15 dias participando de um evento gastronômico que reuniu os bam-bam-bam do mundo como Ferran Adriá, Heston Blumenthal e outros, e de ficar comendo nos melhores restaurantes. Algumas coisas interessantes do bate-papo: os ingredientes lá não são tão variados, mas os japoneses fazem questão de consumir o melhor que existe deles, por exemplo, na própria estação de cada alimento.

Ao falar da frescura dos alimentos, ele contou sobre a técnica de se matar o peixe e cortá-lo na mesma hora. A primeira técnica, seria a de um corte incisivo na nuca (peixe tem nuca?), e a segunda, seria a de enfiar uma espécie de arame bem no olho do peixe pra atingir esse ponto lá atrás. Nas duas opções, a morte do bichinho é súbida, porém ele continua se movimentando. Dá a impressão de que ele está sendo cortado vivo. Meio sádico, não é?

Daí ele disse uma coisa curiosa sobre a frescura do peixe (a gente não para pra pensar muito nisso). Quando uma pessoa diz que o peixe que comprou está fresco, só pode afirmar isso se o mesmo estiver vivo ou recém pescado. Segundo Josimar, a compra do peixe pode ser fresca, mas na maioria das vezes, os consumidores compram os bichinhos do feirante, que por sua vez comprou do vendedor do Mercadão, que por sua vez comprou dos vendedores do Ceasa, que por sua compraram dos barcos de pesca que estão no mar por períodos de até 30, 40 dias. Ou seja, quem é o fresco na história?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Êita frio danado!

Junho pra mim, é como fim de ano. Se não fizer alguma coisa, parece que fiquei devendo. Traduzindo, se em junho não for a alguma festa junina, parece que ficou um buraco. Acho que é por isso que todo dou a maior corda pra fazermos a festa junina no meu trabalho. O lugar é propício, uma casa enorme, com um quintal bem amplo. Este ano, com o frio que anda fazendo, estamos pensando até numa fogueira. O que não pode faltar?

O buraco quente.

Na primeira vez que falei em buraco quente o povo olhou feio, achando que eu tava de gozação, não não era não! Buraco quente é a melhor invenção de todos os tempos. Pra quem ainda não foi apresentado, trata-se de carne moída refogada com cebola e tomate, com bastante tempero - sal, pimenta, coentro, cebola e azeitona. Fica bem molhada. Daí abre-se um buraco num lado do pão francês e dá-lhe carne moída. A carne deve estar quente, e o pãozinho, bem fresquinho.

Quer mais? O resto, a gente nem fala porque tem sempre - quentão, vinho quente, paçoca, pé de moleque, bolo de milho, cuscuz, bingo etc. Eu adoro!

100 Patativinhas em Santo Amaro

Olha só que legal. Falei sobre a exposição e o filme sobre Patativa do Assaré e a Andréa de Sousa, coordenadora de Projetos de Leitura da Biblioteca Belmonte, em Santo Amaro, mandou o convite: dia 24 de junho, às 14hs, na Pça. Floriano Peixoto em Santo Amaro, vai acontecer mais uma edição do "O DIA EM QUE SANTO AMARO VIROU ASSARÉ, O CORTE VIROU NINHO E 100 PATATIVAS CANTARAM NA PRAÇA". Desde maio, o projeto reúne estudantes de escolas públicas do ensino fundamental, que vão à Biblioteca Belmonte-temática em cultura popular,visitam exposição, assistem a documentários e participam de oficina de cordel a partir da vida e obra de Patativa de Assaré. Diz a Andréa: "no dia 24, 100 'patativinhas' trajando figurinos e adereços 'à lá Patativa' saem em 'vôo-cortejo' da Biblioteca até à Praça e em um ninho estilizado cantam, declamam Patativa. Após, uma aula-show com 6 mestres da cultura popular." Quem quiser saber mais, é só ligar para 11-5687.0408 e 5691.0433.

Acho demais essas iniciativas que colocam as crianças em contato com nossos criadores, sejam eles poetas, escritores, músicos etc. E da forma mais lúdica possível. Não é gostoso aprender desse jeito?

Um dias desses assisti a um debate na Fundação Perseu Abramo com o José Castilho, da Unesp e do Programa Nacional do Livro e da Leitura, a Lúcia Rosa, idealizadora do Projeto Dulcinéia Catadora, e o Sérgio Vaz, poeta e fundador da COOPERIFA. É impressionante a quantidade de ações de incentivo à leitura que estão pipocando pelo país afora. Incrível mesmo porque essa é uma das coisas que penso fazer no futuro. Quem sabem montar uma biblioteca numa garagem de uma casa para os passantes, como fez um rapaz no interior de São Paulo.

Nada de substituir as bibliotecas públicas, que agora o governo federal pretende que sejam de acesso público, o que faz muita diferença. De um lugar onde se exige silêncio e parcimônia para folhear livros, passaria a ser um lugar de convivência, onde lidar com livros seja uma atividade prazeirosa tanto para os estudantes como para a comunidade. Esse é um sonho que muita gente que ama os livros acalenta há muito tempo. Parece que está perto de acontecer.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

E Cuba retoma seu lugar entre os estados americanos

Hoje é mesmo um dia histórico. A aprovação da volta de Cuba à OEA, por aclamação, dá um recado aos americanos de que sua supremacia está mesmo por um fio. Na recente crise que se abateu sobre os Estados Unidos, e até antes disso, já era de conhecimento do mundo que o mapa geopolítico estava se movendo, com a entrada de novos e importantes atores. Por mais esforço que Hilary e Obama tenham feito, o resultado foi inesperado, pelo menos não se esperava uma aprovação dessas. E por consenso. Cuba estava fora da OEA desde 1962, ou seja, desde três anos após a revolução.

Gostei do que disse o embaixador brasileiro na OEA. "Enterramos o cadáver insepulto que era um obstáculo para um sistema interamericano inclusivo e solidário."