Em maio de 2006, o câncer finalmente venceu o Daniel Herz, depois de anos de batalha. Mas o sumiço físico dele não o levou embora, de jeito nenhum. Eu o conheci em Brasília, durante a Constituinte (1987-1988). O Daniel era aquele cara quieto, que tinha uma capacidade sobrehumana de pensar as coisas da comunicação. Mas ele pensava pra frente, prevendo a entrada de novas formas de comunicação no país e a incidência disso sobre a sociedade e sobre os trabalhadores do setor.
Durante os dois anos da Constituinte, Daniel, Armandinho Rollemberg, Jorge Bittar, eu e mais alguns companheiros, nos dividíamos pra cobrir o país todo, fazendo os debates sobre a democratização dos meios de comunicação e buscando apoiadores à emenda que foi apresentada ao Congresso Constituinte. Ali se vivia uma efervescência incrível, todos os dias a gente se via no meio de debates sobre os mais diferentes temas. Ali estava sendo escrita a história do Brasil. E foi nesse momento tão importante que meu caminho cruzou com o do Daniel.
Durante os debates da Conferência Nacional de Comunicação, dava pra sentir que ele estava ali, presente nas propostas, nos discursos. Muita coisa que se discutiu ali, tinha uma mãozinha dele. É uma herança forte essa.
Pra homenageá-lo roubei esta citação do site criado pelos amigos, o Daniel inclusive, para o Adelmo Genro Filho quando ele faleceu em 1988.
"A vida do espírito
não é a vida que se ausenta ante a morte
e se mantém pura [diante] da desolação,
mas é a vida que sabe afrontar a morte
e manter-se vida".
G.W.F. Hegel