quinta-feira, 12 de março de 2009

Os muitos sons de São Paulo


Durante duas semanas estive viajando pelo Ceará. Fui a Fortaleza, Canoa Quebrada e Jericoacorara. Jeri ficou por último e talvez por isso mesmo eu esteja sentindo seus efeitos até agora. Naquele lugar a gente fica mais introspectivo, contemplativo. O silêncio que cerca aquelas dunas e lagoas ficou impregnado em mim.

Ao chegar em São Paulo, comecei a achar tudo muito barulhento. Pensei: é só agora, na volta; logo, logo me acostumo. Porém, não está fácil. Da minha janela no trabalho, ouço as buzinas de carros e motos, sirenes de ambulâncias, bombeiros, polícia, motoristas que brigam enquanto o farol não abre. Acho que nunca me senti assim no retorno de minhas viagens. Nem mesmo quando fui conhecer as geleiras no Chile, onde o silêncio e a temperatura estão muito abaixo de zero. Sinal de velhice? Pode ser.

Mas se essas características da cidade passam a incomodar, o que fazer? Mudar? Mas pra onde? Essa deve ser uma pergunta que muitos paulistanos devem se fazer todos os dias. A cidade não tem praia, nem lagoa, nem parque suficiente, mas por outro lado, onde se encontra tanta diversidade cultural e de lazer? Então, como tudo na vida, essa é uma questão de escolha. Tentar aproveitar ao máximo o que a cidade pode oferecer e ao mesmo tempo, tentar relativizar esse lado negativo dos grandes centros. Acho que o caminho é por aí.

3 comentários:

Anônimo disse...

É......o por do sol contemplado desta baita duna é "diiimaaaiiis"!
Sabe, creio que o melhor é poder equilibrar. Um tempo pra tudo da diversidade. Depois, aquele tempo sem preocupação com o tempo, com aquele silêncio que é dito só pelas coisas da natureza.
Você tá naquela fase idêntica a dos cometas que no percurso vão despreendendo gases e partículas e deixam aquele rastro que forma uma cauda linda de se olhar...
Viu, Andarilha? Férias boas transformam a gente em cometa!
Besitos

Redneck disse...

Andarilha, essa questão da falta de silêncio em São Paulo me afeta muito, particularmente. Veja bem: trabalho em casa e da janela ouço todos os sons - há uma escola de capoeira cujos tambores soam até 11 horas da noite; há encontros de chatos aborrescentes toda sexta-feira que se comprazem em fechar o trânsito e cantar e beber até o final da tarde; há os ensaios da Vai-Vai de setembro a fevereiro cujos sambas ecoam na minha sala; há freadas bruscas que, por vezes, se convertem em batidas; há alarmes que ressoam madrugada afora; e, para fechar o bloco, há o salto agulha da vizinha de cima que insiste em chegar em casa de madrugada e fazer do piso uma passarela da SP Fashion Week. Com tudo isso, o meu surto bate no limite do termômetro e deliro em febre assassina. Mas, como você disse, uma coisa compensa a outra e basta que se veja um copo gelado de bebida com os amigos para que se esqueça tudo isso. Ah! Inveja de você no Ceará. Eu amo o Ceará. Beijo!

Reiko Miura disse...

Aurora e Red,

Acho que a diferença é essa dos sons emitidos pela natureza e aqueles produzidos por nós humanos. Em Belém prestava muita atenção naquela coisa das marés. Se está alta, o barco não sai; se está baixa, dá pra jogar bola em algumas comunidade. Dependendo da maré, os barcos saem de um ancoradouro ou de outro. É demais, não é mesmo?

Bem, mas independente do barulho, já tô a toda. E hoje mais feliz que nunca. O cardiologista diz que estou mais que ótima! Vou tomar uma por conta,

bjs.