sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre Bogotá


Estive em Bogotá por seis dias na segunda quinzena de maio. Gostei demais da cidade. Moderna, grande e ao mesmo tempo preserva um espaço histórico excelente. Os museus são de primeira linha, ou seja, nada a dever aos museus europeus; a comida, apesar de muito diferente da nossa, é muito saborosa; os espaços culturais da cidade abrigam exposições muito interessantes. Tive a sorte de chegar no começo da mostra Fotográfica Bogotá 2011, então visitei diversos espaços com trabalhos de fotógrafos da Colômbia e do México (país convidado). A grande vantagem é que a maioria dos museus e centros culturais fica no centro histórico (também chamado de Candelária), então, o deslocamento é pequeno. Mas é preciso voltar algumas vezes se o visitante quer conhecer tudo, ver as exposições, ler sobre os lugares e tudo o mais. Alguns amigos pediram dicas pra programar uma viagem pra lá no futuro, então aqui vão algumas dicas.



O povo
O povo de Bogota é muito simpático. Se você pergunta onde fica um determinado lugar ou como chegar a um lugar, não é raro que te acompanhem até lá.

Passeios
O país esta investindo pesado em turismo. Bogotá, Cartagena e Medelín são os três destinos mais divulgados e mais procurados.

O Cerro de Monserrate vale a pena porque de lá a gente vê a cidade inteira espalhada no pé do morro. Dá pra subir de funicular ou de teleférico e inverter na volta com o mesmo bilhete. No domingo tem 50% de desconto.

Para visitar o restaurante Andrés Carne de Res original, basta programar a ida para a Catedral de Sal e para Chia no mesmo dia. Dá pra visitar a Catedral em Zipaquirá e almoçar no restaurante em Chia, município vizinho. Peguei o ônibus para Zipaquirá na Calle 170, desci em Zipaquirá e peguei um táxi pra Catedral de Sal. O povo do lugar fala para você ir andando, mas se quer ter pernas para visitar a Catedral, é melhor economizar os passos.

Ao chegar na Catedral de sal, compre também o bilhete do trenzinho que faz o tour pela cidade. Assim, você conhece a cidade, que é uma das mais antigas da Colômbia e já fica na avenida onde passam os ônibus para os municípios vizinhos. Pegue o ônibus que vai para FACA e pede pra descer no restaurante Andrés Carne de Res. Para Voltar pra Bogotá? A 50 metros do restaurante passam os ônibus que vão pro Portal 80, que fica na zona norte de Bogotá. Ali fica também o terminal do Transmilênio, então, e só pegar o seu.

Museus e espaços culturais
Todos os museus tem seu acervo fixo e também exposições temporárias. Vale a pena. A maioria dos museus de Bogotá são do Banco de La República (correspondente ao nosso Banco do Brasil). São de primeira linha, não deixam nada a dever aos museus da Europa. No domingo, todos tem entrada franca. Na segunda, uma parte fecha.

Museus que visitei e que valem a pena: Museo del Oro (é o único que fica um pouco afastado do centro histórico), Museo Botero, Museo de trajes regionales de Colombia, Iglesia-Museu Santa Clara.

Outros espaços como o Centro Cultural Gabriel Garcia Marquez e as bibliotecas Luis Angel Arango e Virgilio Barco são modernos e tem acervo muito interessante. A Virgilio Barco é um primor de arquitetura.

Segurança
Nas ruas, a segurança é total. Policiais estão por toda parte com seus uniformes caqui e coletes com listas fluorescentes verdes. É claro que a situação não deve ser assim tão tranquila. Os senadores, por exemplo, andam em carros super potentes, blindados e com segurança dentro. Nos prédios públicos - Congresso Nacional, bibliotecas e centro culturais - há revista na entrada e na saída. Em muitos lugares, além de mostrar o conteúdo da bolsa, a segurança apalpa a gente, procurando armas.

Na saída da Colômbia, se prepare pra uma revista rigorosa (detector de metais, revista pessoal etc.). Tive que responder diversas vezes o que estava fazendo no país e minha mala – quando despachei – foi barrada pelo detector de metais. Na hora do embarque me chamaram pra acompanhar a abertura da mala. Retiraram peça por peça, reviraram os fundos da mala. Perguntei porque tinha sido escolhida e eles disseram deve ter sido por causa dos livros. São muito densos para passar pelo detector de metais e a máquina não identifica o conteúdo.

Transporte
O táxi é muito, muito barato. O problema são os congestionamentos. Tráfego intenso.

No Transmilênio, policiais fazem as vezes de segurança e de atendimento ao público. Eles sabem de todas as rotas, as baldeações etc. Estão sempre prontos a informar qualquer pessoa que se aproxime.

O Transmilênio é a melhor forma de se locomover em Bogotá. Como a cidade inteira está em obras, o Trasmilênio é pratico e rápido porque tem corredores exclusivos (duas faixas). Cruza toda a cidade e é barato. Comprei 10 passagens. Você recebe um cartâo como o nosso bilhete único. E usa direto. Se vai ficar pouco tempo, nem tente entender as linhas, entroncamentos etc. Basta perguntar aos guardas como se chega em tal lugar. Eles vão te dizer a linha e as baldeações a fazer. Pra voltar, é a mesma coisa. Pela manha, antes das 8hs, e depois das 5, tem ônibus especiais do Transmilênio que cruzam a cidade praticamente sem parar. É ótimo.

Compras
Em Bogotá não existem shoppings. Só centros comerciais. Se quiser ir a algum shopping, nunca diga isso ao motorista de táxi, mesmo que no seu guia de viagem indique Shopping El Retiro, Shopping Andino, Shopping Santa Fé. Eles vão dizer "no conozco" ou "no entiendo". Ele só vai entender se você disser que quer ir ao Centro Comercial…

Os melhores lugares pra comprar artesanato local são as pasajes artesanais (galerias) do Museo del Oro e o da Calle 7ª (perto da Praça Bolívar). Se vai para o Panamá, deixe pra comprar os bordados lá (a maior parte vem de lá). Não vale a pena ir à Pasaje Rivas porque nos outros lugares o artesanato já é selecionado e você não precisa ficar "chafurdando" de biboca em biboca.

O que vale a pena: jóias em ouro e esmeralda (pra quem tem prata suficiente), bijuterias folhadas a ouro, bolsas de couro. Os imãs de geladeira com imagens do Botero são lindos e muito bem acabados. Custam pouco e as pessoas adoram a lembrança (as que conhecem Botero, é claro!)

No restaurante Andrés Carne de Res tem muitas coisinhas lindas para levar de recordação. São objetos que eles usam pra servir no próprio restaurante – jarras e canequinhas de alumínio, assador, tigelinhas, tudo feito e pintado a mão. Se não quiser carregar, e se estiver programando uma visita aos shoppings El Retiro e Andino (ficam em frente um do outro), pode comprar na filial bogotana do restaurante. Por sinal, um bom lugar para comer. Chama La Plaza de Andrés e tem cinco cozinhas diferentes, numa mesma área da praça de alimentação do El Retiro. Reserve também um tempinho para um happy hour na região desses dois shoppings. Bares muito legais.

Comida
Carne de porco, frango, milho e abacae estão presentes em todos os lugares. O ajiaco (uma espécie de sopa bem grossa com milho, frango desfiado, alcaparras e queijo ralado) é o mais comum. A cazuela de mariscos (com diversos tipos de frutos do mar) também é encontrado em toda parte.

Os tamales (uma espécie de pamonha salgada e recheada) são excelentes. Saborosos e dão "sustança".

A carne de porco é boa em todo lugar. Torresmos (chicharrones) são servidos com cozidos, com arepa, acompanhando pratos de legumes…. E a carne é feita de todo jeito: assada (parrilha), cozida, grelhada, frita… A lechona foi a coisa mais incrível que vi. Assam a carne e deixam o casco das costas e das laterais inteiros. Depois fazem camadas de arroz e da carne e colocam essa carcaça pururuca por cima. Servem em pratinhos, com um pedaço de pururuca por cima. Lembra o churrasco grego, só que deitado! Outra coisa muito comum são os torresmos fritos servidos em cima de uma arepa. No Andrés Carne de Res servem uma espécie de tiragosto (picada) de lombo de porco em quadradinhos. Se pedir, eles servem com 3 tipos de molhos diferentes. Na unidade de Bogotá o molho era aguado em comparação com o da matriz

O restaurante Andrés Carne de Res original é uma mistura de restaurante e ponto turístico. Vale a pena. Fiquei na dúvida quando cheguei lá porque era afastado de Bogotá e era caro pra ir lá de taxi ou de van (todas as agências de turismo oferecem ida e volta pra lá). Acabei indo de ônibus de linha, depois de visitar a Catedral de sal, que fica na cidadezinha vizinha. Muita gente vai de Chia para Bogotá para trabalhar todo dia, então…

Comi o cocido boyacense (típico do município de Boyacá). É feito de costela de porco e de boi, toicinho, fava, feijão, três tipos de batata, milho, ervilha fresca e outros quetais. Em alguns shoppings tem um restaurante Don Hediondo que tem comidas típicas e é muito bom. Porções fartas.

Vale a pena comer a uchuva (aqui chega como physalis). É barato e uma delícia. As amoras também são gostosas.

Bebida
Quer tomar café expresso? Então pede café expresso. Caso contrário, vai receber um balde de café bem ralo, tirado da máquina. Tipo café de mineiro.

A bebida nacional é a aguardente (caña, como se diz em Bogotá), mas a cerveja Club Colombia é muito boa (padrão da nossa Original ou Serramalte).

A limonada é muito boa. Refrescante e saborosa. O limão tem um gosto especial e diferente do nosso.

Mercado
Mercado de Paloquemao -bom lugar pra conhecer de perto as frutas, legumes e as poucas verduras consumidas em Bogotá. Muito peixe, carne de porco, frutas - lulo, granadina, uchuva, curuba, abacate etc. Também tem muito milho, feijões vermelhos e rajados, favas, ervilhas frescas, cebolinha (misto de cebola, cebolinha e alho poro). Muitas flores. E um entreposto muito interessante.


Dicas extras
Quem quiser tirar fotos, leve tripe. É um saco carregar, mas quando você está no lugar, agradece a dica.

Durante o dia o clima era de outono, uns 22º, mas às 3 da tarde a temperatura caía de uma vez pra uns 12º As noites também eram frias. Um motorista de táxi me disse que o inverno é em abril e maio, e que em julho é muito agradável.


Veja também as fotos no Picasa e alguns posts no Facebook.

2 comentários:

Equipe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sulamita Esteliam disse...

Como assim "ralo feito café de mineiro"...!?

Pelo menos na minha família servimos "café redondo",como dizia meu avô João,com pó e água na medida certa.

Nem vem!

O café que minha mãe fazia era tão grosso, que a gente brincava que era servido em tabletes.

Agora, na roça, sim, o café é tipo "água de batata", como se diz por lá.