Fui ver as fotos da Graciela Iturbide na Pinacoteca. E fiquei mais que impressionada. Já tinha visto uma parte do trabalho dela no Centro de la Imagen, na Cidade do México, e já tinha achado um trabalho riquíssimo. Me lembra aquelas imagens do filme Que Viva México!, com os jovens embrutecidos que viviam nas regiões das plantações de agave. São os sobreviventes e resistentes do deserto.
As mulheres, os homens, os jovens e as crianças da Graciela são personagens fortes, de caras marcadas pelo tempo, pelo sol, pelo trabalho duro. E ao mesmo tempo, são fiéis às tradições, aos costumes como o dia dos mortos, os rituais ancestrais de sacrifício de animais e muito mais. As paisagens de diversas cidades mexicanas gritam nas fotos como o colorido do preto e branco. É possível enxergar colorido através do preto e branco? Por incrível que pareça, consigo ver o México do amarelo, do ocre, do azul e do vermelho nas fotos da Graciela.
De emocionar é o registro que ela faz do banheiro da Frida Kahlo. Vi esse mesmo banheiro na Casa Azul e lá fiquei também impressionada. A gente sempre tem na cabeça a imagem da Frida apaixonada, pintora, a mulher forte que luta pela vida. Mas ali naquelas fotos, a gente vê a realidade que ela vivia no dia-a-dia, presa a botas de couro e ferro, a espartilhos de couro e armações, as muletas e outros apetrechos que a mantinham ereta. É cru, dolorido demais ver aquilo. E a gente pensa: de onde será que ela tirava tanta energia, tanta força? Muita gente, por muito menos teria dado fim numa existência de tanto sofrimento!
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