Quando a gente vê jornalista levantando a bola descaradamente para o seu candidato. Na revista Veja da semana passada (nº 2170), o candidato entrevistado nas páginas amarelas era o Serra. A entrevista é digna de vergonha. Soube até que o Mino Carta tirou gargalhadas da platéia de um debate quando leu as perguntas em voz alta. Os dois entrevistadores - Eurípedes Alcântara e Fábio Portela - tiveram a capacidade de fazer perguntas como estas:
"Depois que os repórteres da sucursal de VEJA em Brasília desvendaram uma tentativa de aloprados do PT de, uma vez mais, montar uma central de bisbilhotagem de adversários, as operações foram desautorizadas pela cúpula da campanha. O senhor responsabiliza a candidata Dilma Rousseff diretamente pelas malfeitorias ali planejadas?"
"Como o senhor conseguiu governar a cidade e o estado de São Paulo sem nunca ter tido uma única derrota importante nas casas legislativas e sem que se tenha ouvido falar que lançou mão de “mensalões” ou outras formas de coerção sobre vereadores e deputados estaduais?"
"Por que para a democracia brasileira é positivo experimentar uma alternância de poder depois de oito anos de governo Lula?"
Essa entrevista é um manual de anti-jornalismo. Fábio Altman organizou o livro "A Arte da Entrevista", com as melhores entrevistas realizadas entre 1823 e 2000. Agora já poderiam organizar um livro com as melhores anti-entrevistas, ou ainda, Como não fazer jornalismo! Essa da Veja certamente figuraria entre os destaques.
3 comentários:
Não chego nem perto da Veja. É um manual completo do que o jornalista não deve fazer.
Mas assino a Época, daí o Guilherme Fiúza escreve um artigo "Cala a boca, Dilma". É mole, uma candidata a presidência da República sem falar?
bjs
Sei que a coisa tá feia nesse nosso jornalismo. Quando fiz faculdade a gente tinha tantos sonhos, tanta esperança de mudar o mundo com o nosso trabalho. Será que ninguém sonha mais?
E pensar que eu e este rapaz, Eurípedes Alcântara,fomos contemperâneos na faculdade....!
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