terça-feira, 29 de setembro de 2009

A cozinha a nu

Está chegando mais um Mesa SP, que é aquela babel que todos os interessados em gastronomia querem ver de perto, mas nem todos podem, afinal os preços são mais que salgados, amargos e azedos. Nesses eventos, além da troca de experiências com especialistas de diversas partes do mundo, muitos vezes vemos o enaltecimento às alturas de chefs, o que pode descambar para uma briga de egos, que nem sempre corresponde ao real valor daqueles que se digladiam no ringue.

Andei pensando sobre a “briga” entre Ferran Adriá e Santi Santamaria, dois chefs catalães, que à primeira vista são totalmente opostos no modo de pensar a culinária e a gastronomia. Mas será que são tão diferentes assim? Não estariam todos a serviço do prazer de comer? Parece que ali a coisa tá feia. Santamaria lançou o livro “A Cozinha a Nu – Uma visão renovadora do mundo da gastronomia”, que já vendeu mais de 30 mil exemplares no original espanhol (e já está nas livrarias brasileiras, traduzido pela Editora Senac), no qual defende suas idéias de respeito aos preceitos originais da cozinha, ou seja, alimentos com cara e sabor de alimentos, vindos da terra, do mar ou do ar.

Mas o mundo de Adriá também tem muitos defensores. A revista TIME elegeu a ciência gastronômica, ou a gastronomia molecular, como uma das 10 maiores idéias que mudarão o mundo. O artigo está traduzido no blog Gastronómicas, da Joyce Galvão, cozinheira e engenheira de alimentos que participou do debate Blogueiros da alimentação, na série Estantes & Panelas da Livraria Cultura. Leiam o artigo no blog dela.

No artigo, defende-se a idéia de que é inútil e errado resistir contra a ciência alimentar como fazem movimentos que defendem a valorização dos produtos orgânicos, como faz o Slow Food. Bem, eu não concordo com isso. Acho que existe sim uma racionalização muito grande do mundo da culinária. E sou uma incansável defensora da melhoria da qualidade de vida em todos os sentidos, e a alimentação é só uma parte disso. E se é possível viver sem aditivos químicos na alimentação, eu vou por este caminho.

sábado, 26 de setembro de 2009

Livros que li e gostei

Um dia desses uma amiga me perguntou se tinha algum livro pra emprestar. Então, fiz um pequeno resumo daquilo que eu tinha mais à mão, pra ela escolher. Separei em duas colunas: aqueles que li e gostei; e aqueles que ainda vou ler. Vou listar aqui alguns que li e gostei.

Calor, do Bill Buford (Ed. Companhia das Letras) - história do próprio Buford, um jornalista que era editor da revista New Yorker e largou tudo pra "ralar" nas cozinhas dos restaurantes de Nova York. É interessante e divertido. Pra quem tem ilusão de que ser chef é puro glamour.

Julie & Julia, de Julie Powell (Ed. Conrard) - uma jovem americana joga tudo pro alto e se dedica a revisitar as 524 receitas de um manual de culinária francesa de autoria de Julia Child e postar suas experiências num blog. É divertido. Acabou de virar filme, com Meryl Streep como Julia Child; Amy Adams como Julie Powell.

Vida e Arte - Memórias de Lélia Abramo (Ed. Fundação Perseu Abramo, esgotado) - escrito pela própria Lélia, conta a comovente história da família, os anos da guerra passados na Itália, as dificuldades profissionais etc.

Dois irmãos, do Milton Hatoum (Ed. Companhia das Letras) - conta as vidas diferentes e paralelas de irmãos gêmeos filhos de imigrantes libaneses que nasceram na Amazônia. É bem bonito. Mostra um lado da Amazônia que a gente não conhece, o dia-a-dia.


A paixão e a exceção, da Beatriz Sarlo (Ed. Companhia das Letras) - é uma autora argentina que fala sobre os extremos a que chegam as pessoas quando a paixão fala mais alto (o sequestro do cadáver da Evita), os personagens do Jorge Luis Borges, os Montoneros etc.

Caparaó - a primeira guerrilha contra a ditadura, de José Caldas Costa (Ed. Boitempo) - é um livro superinteressante sobre a guerrilha formada por dissidentes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha (1966-1967). Ganhou diversos prêmios e baseou o filme Caparaó.


O nome da morte, de Klester Cavalcanti (Ed. Planeta) - é uma história fantástica sobre um matador de aluguel que apagou quase 500 pessoas em 35 anos. Ele conta detalhes, motivações etc. Ganhou diversos prêmios de jornalismo literário.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para conhecer a filosofia do Slow Food


Acaba de sair pela Editora Senac SP o livro Slow Food: Princípios da nova gastronomia, que é a tradução do livro Buono, pulito e giusto: principi di nuova gastronomia, do Carlo Petrini
criador do movimento Slow Food. A tradução é de Renata Lucia Bottini. Vou ler, depois comento.

O Convivium São Paulo do Slow Food está à toda, elaborando, adaptando e colocando em prática as Oficinas do Gosto, que têm como missão principal, estimular crianças e adolescentes a conhecerem ingredientes comuns por meio dos sentidos. As oficinas já realizadas já mostraram que muitos dos participantes não conhecem nossos temperos mais comuns como a salsa, a hortelã e outros. Da mesma forma, pela textura, não reconhecem frutas como o abacate.

A idéia é realizar as oficinas em eventos públicos e, principalmente, em escolas públicas do estado.

O Convivium também apoia iniciativas como a campanha “Segunda sem Carne” que já existe nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países da Europa e que será lançada em São Paulo no dia 3 de outubro, no Parque do Ibirapuera, pela Sociedade Vegetariana Brasileira. O Slow Food vai participar realizando seis oficinas do gosto - três no sábado, dia 3 e três no domingo, dia 4.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ripper, Ed Viggiani e Cartier-Bresson juntos em São Paulo?

É demais para os amantes da fotografia. A cidade recebe três exposições de peso ao mesmo tempo. Digo isso porque o mestre francês influenciou muitos dos nossos fotógrafos e educou o olhar de apreciadores da fotografia, como eu.

Num mesmo espaço, o da Caixa Econômica da Praça da Sé, pode-se ver o trabalho do Ed Viggiani (foto acima) e do João Roberto Ripper (foto abaixo).

Dois dos melhores fotojornalistas do país. Quem ainda não viu, pode aproveitar esta semana pra ver as duas, porque a exposição do Ripper termina no domingo, dia 27.


E a do Cartier-Bresson fica até 20 de dezembro no SESC Pinheiros. Mas não façam como eu, que vou deixando, deixando, deixando e quando me dou conta, a exposição terminou. A mostra dos 500 anos do Descobrimento tive que ver no Rio, porque aqui em São Paulo ela só ficou 6 meses!!

Ed Viggiani lança seu olhar sobre o Brasil



No sábado vi a exposição do Ed Viggiani, fotojornalista de primeira, que lança seu olhar em branco e preto sobre o Brasil e seus homens, mulheres e crianças. Sempre fui fã do trabalho dele, desde que moramos no mesmo período em Fortaleza, nos idos anos 80. Ele traballhando no jornal O Povo e eu no Diário do Nordeste. A fotografia do Ed é poesia pura, é sentimento. Num acidente no Rio de Janeiro, enquanto estava a serviço de uma revista, ele perdeu o olho direito. Fotógrafo que perdeu um olho? Ih, danou-se!

Danou-se nada! Não foi esse o caso do Ed. Ele é um entusiasta. E, é claro, tem momentos de raiva, de incorformismo com tudo que rola de errado e de ruim no nosso país, mas a arte dele está lá, denunciando isso.

E o Ed que tem um coração enorme. É solidário com os amigos que se vêem na pior e está sempre disposto a ajudar, por exemplo, cedendo fotos pra leilões.

E como ele é boleiro, e corinthiano, escolhi essa foto, que é uma das que eu mais gosto. Foi tirada em 95, em Ribeirão Preto, num Corinthias x Palmeiras.

Quem quiser ver/conhecer o trabalho do Ed Viggiani, veja a dica aqui:
Exposição “Meu Olho Esquerdo”
De 20/9 a 1/11/2009 (de terça a domingo, das 9 às 21h)
Entrada franca
Local: Caixa Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 - São Paulo (SP) - Galeria Humberto Betetto

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sobre o que postar e o como postar nos blogs

No começo da semana participei do debate sobre os blogueiros da alimentação, na Livraria Cultura. Ali se falava, entre outras coisas, sobre a responsabilidade sobre o que se publica nos blogs. Esse debate começou porque até o advento dos blogs, a dita crítica gastronômica era feita somente nos jornais e seguia determinados padrões para isso. Mas ela se transferiu rapidamente para a blogsfera. Além de comentários sobre determinados bares, restaurantes, estabelecimentos comerciais da área de alimentação, alguns blogueiros se alçaram a verdadeiros críticos da gastronomia. E se discutia ali os limites daquilo que se publica nos blogs.

Coincidentemente hoje pela manhã li no site do jornal A semana, de Cabo Verde, a nota "Post de brasileira sobre culinária de Cabo Verde provoca onda de indignação", sobre um texto que uma das responsáveis pelo blog "Rainhas do Lar" escreveu sobre uma viagem que ela fez a Cabo Verde em agosto, para dar um curso de culinária no Centro Cultural Brasil – Cabo Verde (CCBCV). No blog, ela teria escrito esta frase infeliz sobre a alimentação dos caboverdianos "o que para mim é descartado como lixo, é degustado com prazer pelos nativos". O texto em si, é um retrato daquilo que ela viu lá, mas essa frase calou fundo nos caboverdianos. Não é preciso dizer que isso quase causou uma crise diplomática. Resultado: foram tantas os protestos que o post desapareceu do blog, e segundo o site A semana, ela teve que se desculpar junto à embaixada brasileira de lá.

Mas como a blogosfera é ágil, e como diz o ditado popular, o estrago já estava feito. Milhares de pessoas já haviam lido e reproduzido o que ela havia escrito.

Bem, fica aqui uma pequena lição: por mais que determinadas coisas não nos agradem, é preciso respeitar a cultura dos lugares por onde a gente anda.


O que A semana publicou

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Artesanato, comida típica, folclore: começa o Revelando São Paulo


Todos os anos o Revelando São Paulo traz para o Parque da Água Branca o que o estado de São Paulo tem de mais característico em comidas, artes, manifestações culturais e outros quetais. Eu adoro passear no meio daquele colorido porque amo artesanato e ali tem de tudo um pouco – bordado, tapete, crochê, barro, madeira e as obras de arte dos figureiros de Taubaté. Serão 155 estandes de artesanato. Na área das comidas, sempre ataco o bolinho caipira, feito de farinha de milho e recheados com carne moída. Mas é muito legal ver os tachos fumegantes de arroz, feijão, azul marinho (peixe cozido com banana verde), entre outros que vão ser feitos em 40 fogões à lenha, nos 80 estandes de culinária. Os doces então, nem se fala. Tem de abóbora feito no cal, cajuzinho, pau-a-pique, e muito mais.

Entre as atrações vai ter Folias de Reis e do Divino, o Cortejo de Bonecões, Orquestras de Viola, Violeiros e Sanfoneiros, grupos de Catira, Fandangos e Cururus, Congos e Moçambiques, Serestas e as Noites dos Tambores, Cigana, Quadrilhas e das Manifestações Cosmopolitas, Cavalgadas, Cavalhadas, Tropas de Mulas e Carros de Bois etc.

Programação completa no site do Revelando São Paulo

Primavera dos Livros - 10 a 13/9 no Centro Cultural

Até domingo dia 13/9 quem gosta de livros como eu pode aproveitar a Primavera dos Livros. Estarão à venda mais de 7 mil títulos, com descontos que variam de 10% a 40%. A Primavera acontece nos anos em que a Bienal do Livro está em outro lugar. É promovida pela LIBRE (Liga Brasileira de Editoras), que reúne as pequenas e médias editoras brasileiras. Tem uma programação imensa de lançamentos, debates, espaços pras crianças etc. Tudo no site da LIBRE.

A Editora Fundação Perseu Abramo vai lançar no dia 12/09 (sábado), às 14h, o livro O Curso das Ideias – A história do pensamento político no Brasil e no mundo, do ex-senador Roberto Saturnino Braga, e vai promover, no domingo, às 15hs, uma rodada de conversas sobre a Leitura na Era Digital, com a participação de João Brant (Coletivo Intervozes); Sergio Amadeu (Faculdade Casper Libero) e Alonso Alvarez (Editora Ficções). Brant e Amadeu são autores do livro Comunicação Digital e a Construção dos Commons.

Primavera dos livros: Centro Cultural Vergueiro - rua Vergueiro, 1000, Paraíso (Estação Vergueiro do Metrô), das 10h às 22h, entrada gratuita.

O Balaio do Kotscho faz 1 ano


11 de setembro não é só a data do ataque às torres gêmeas, mas também do nascimento do blog do Ricardo Kotscho, figura querida que os tombos, trancos e barrancos não conseguiram mudar. Continua o mesmo de sempre: crítico quando precisa ser, calado quando precisa ser, alegre quando precisa ser. E bom coração sempre. Mas como ninguém é perfeito, ele é sãopaulino! É isso aí Kotscho, espero que seu blog continue firme por muito tempo. A internet oferece zilhões de coisas, mas as de qualidade a gente precisa garimpar muito pra achar. Ainda bem que esbarrei no seu balaio.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Debate na Cultura: blogueiros da alimentação



Taí, a próxima edição do Entre estantes e panelas será no dia 14/9, às 18hs, no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Tenho acompanhado esses debates e tem sido muito interessante. Dessa vez, uma das blogueiras convidadas é a Neide Rigo, do Come-se e do Slow Food. Confesso que tenho feito diversas receitas que ela indica no blog. A última foi a conserva de limão siciliano que fiz com um saco de limões que ganhei em São Roque. Outro dia fiz a de conserva de chuchu que ela costumava comer em Fatura, tamem no interior de São Paulo. As receitas são ótimas e dão certo. Podem apostar e fazer.