quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Bailando na praça


Estou e Mérida, na Península de Yucatan. Cheguei e fui direto pra praça Santiago. Umas 200 pessoas estavam dançando ao som de uma musica parecida com a salsa. Um conjunto tocava animado num palco montado num canto da praçca. Vejam só: a cada dia da semana uma atividade em praça pública reúne dezenas de yucatecos. Em torno das praças ficam mesinhas com cadeiras pra comer as comidas típicas daqui. Muito legal. Uma noite deliciosa, quente. Conheci tres moradores da cidade e me contaram coisas otimas pra fazer e comer por aqui.
Hoje a noite tem apresentaçao do Ballet Folklorico da Universidade no Teatro Peón Contreras. Vou conferir. A foto é de um grupo folclórico, mas não sei o nome.

Amanha vou a uma reserva natural ver os flamingos. Depois conto.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As aparencias enganam

O lado bom e o lado ruim de uma viagem é a hora da fome. Afinal, o que e onde comer? Ontem a noite aceitei a sugestão da Pilar, dona da Casa dos Sabores, onde estou, e atravessei a rua pra engrossar a turma que esperava por uma tortilla na rua. Recebi a "senha" numero 30 (estavam chamando a numero 6!). Duas senhoras colocam uma espécie de churrasqueira na calcada depois das 9 da noite e atendem a dezenas de pessoas que saem do trabalho ou estão indo ou voltando da balada. Sao tortillas enormes que elas besuntam com molho (picante ou nao) e pasta de feijão e acrescentam repolho fatiado bem fininho e queijo de Oaxaca desfiado. Elas são dobradas e colocadas diretamente sobre o carvão. Pra acompanhar, pode ser bife ou linguica que elas tambem jogam direto no carvão. O gosto é muito, muito bom.

Outro dia estava andando pela Central de Abasto e fiquei na maior duvida se devia ou não comer por ali, afinal, a aparência das bancas de comida não era nada boa. Bem, a fome era grande e me lembrei de uma dica do Antony Bourdain: procure a banca de comida mais cheia e veja se é frequentada por pessoas do local. Foi o que fiz e dei a maior sorte. Comi uns tacos deliciosos e tomei uma sopa muito saborosa. Não sei por que, mas eles chamam a sopa de consome. Quer mais frances que isso? E bem no meio de um mercado mexicano?

É isso ai. Já disse antes que as aparências enganam. E aqui no México isso vale pra quase tudo. Depois conto mais, porque agora bateu a fome e vou atrás de um restaurante chamado La Olla, que é da mãe da Pilar e foi muito bem indicado pela Lourdes Hernandez (da Casa dos Cariris, em São Paulo) que me deu muitas dicas culinárias pra minha viagem para o México.

P.S. desculpem a falta de acentos nas palavras, mas não cheguei a um acordo com o teclado.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O que comer?

Viajar eh muito bom, tudo é novidade e a gente aproveita o maximo que pode, mas na hora da fome, o que comer? Guacamole, moles diversos, quesadillas, tacos e tortillas sao oferecidos em todos os bares, restaurantes e por vendedoras nas ruas. Por sugestão da Pilar, dona da Casa dos Sabores, onde estou, atravessei a rua e fui engrossar a turma que esperava por umas tortillas na rua. Duas senhoras colocam uma espécie de churrasqueira na calçada e recheiam tortillas enormes - besuntam com molho, com a pasta de feijão, acrescentam repolho cortado bem fino e por ultimo, o queijo de Oaxaca desfiado. Ela eh dobrada e colocada diretamente sobre as brasas. O acompanhamento pode ser bife ou linguiça, que também vai direto pra cima das brasas. O sabor é bom demais. Pra se ter uma idéia, quando cheguei, recebi a "senha" numero 30, mas ainda estavam chamando o numero 6!!! Mas valeu a pena esperar.

Há alguns dias, quando estava na Central de Abasto, fiquei na maior dúvida se devia ou não comer por ali. Afinal, a aparência das bancas de comida não era das melhores. Bom, lembrei do Antony Bourdain que disse que basta observar o lugar mais cheio e se pessoas do lugar estão comendo. É tiro certo. Fiz isso, observei quais eram as bancas mais cheias e se os fregueses eram mexicanos. Bom, comi uns tacos muito bons e tomei uma sopa saborosíssima.

Aqui, as aparencias enganam. E isso vale pra quase tudo.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Oaxaca é uma festa para os olhos

Estava andando hoje pela imensa Central de Abasto da cidade de Oaxaca e seguia pensando como nós, latinos, somos parecidos. Me sentia andando no mercado de Caruaru, ou na feira do Alecrim, em Natal. As carnes, miudos e frangos expostos nas bancas, as frutas, verduras e legumes dispostos em cestos de palha, boxes de comida feita na hora com imensas panelas fervilhando. Tudo muito colorido, barulhento e vivo.
Oaxaca é uma festa para os olhos. A intensidade das cores aqui é uma coisa especial. Tudo é muito colorido, desde o casario até o artesanato. Os desenhos bordados em batas, vestidos, caminhos de mesa, xales e ponchos de lã levam vermelho, verde, amarelo, roxo, rosa, etc. Quase 100% dos tecidos são feitos a mão, muitos ainda elaborados pelas mulheres indigenas em teares presos a cintura.
A historia aqui continua viva. Enquanto nos museus e nas zonas arqueológicas vemos o passado resgatado, nas ruas permanecem comidas feitas com ingredientes que ja eram consumidos antes da chegada dos espanhóis. Tambem prevalecem alguns costumes como a forma de tecer, de tingir os tecidos etc. É o antigo e o moderno convivendo.

Tenho muitas fotos, mas por enquanto, fico devendo.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O reduto americano no Mexico

Quando se fala em México e Estados Unidos, só pensamos na fronteira e no monte de mexicanos tentando passar pela barreira americana, não é mesmo? Pois ontem conheci uma cidadezinha mexicana coalhada de americanos. E' San Miguel de Allende, pertinho de Guanajuato. Vivem ali cerca de 12 mil americanos que escolheram a cidade pra se instalar. Tem até um posto do consulado dos Estados Unidos. De fato San Miguel é uma cidade linda. Muito colorida, muita gente na rua. Nas praças, os bancos estão cheios de americanos, cuja chegada acabou inflacionando tudo na cidade. Dá pra perceber pelos preços cobrados nos bares, restaurantes e lojas. Muitas delas informam os preços apenas em dolar. As casas próximas ao centro estão cotadas em quinhentos mil reais, segundo moradores de Guanajuato. Os americanos que chegam, agora começam a procurar cidades vizinhas também, e só não invadiram Guanajuato porque ela é cheia de ladeiras e os carros não circulam em 90% do espaço da cidade. E se existe uma coisa que eles prezam muito é a comodidade. Subir os morros carregando sacolas de supermercado? Nem pensar!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Para os índios, o paraíso era lindo mesmo

Acho que a coisa mais linda que vi aqui no México é uma igreja no estado de Puebla que os indígenas decoraram com sua interpretaçao do paraíso. É Santa Maria Tonantzintla (acho que é assim que se escreve), que fica na cidadezinha de Cholula. Entre igrejas e capelas, sao umas 100. Em todas, usa-se o nome espanhol e o correspondente mexicano. Por exemplo, Igreja de San Francisco Acatepec. A de Santa Maria Tonantzintla, tem uma simplicidade na decoraçao e uma riqueza de elementos impressionante (foto). Muitos pássaros, animais, frutas, flores e anjos. Como os índios nao conheciam os santos católicos, Sao Pedro e Sao Paulo aparecem na fachada da igreja como dois gordinhos.

Agora estou em Guanajuato. Uma cidade linda. Fica a umas quatro horas da Cidade do México. Acho que é a cidade mais viva que conheci por aqui. A Universidade abriga estudantes de todo o México e é uma efervescência constante. Parece que os jovens brotam das ruelas e becos que lembram o sul da Espanha, alguns lugares da Itàlia e de Portugal. Vasos nas sacadas, roupas pra secar ao sol, ruas tao estreitas que nao admitem um carro. E, é claro, muitas igrejas. As praças sao pontos de encontros das diversas tribos e de muitos turistas. Muitos alemaes, holandeses, japoneses e americanos andam por aqui.

Os turistas também enchem as ruas de Puebla. Ali eu joguei a toalha, afinal, quem é que consegue desvendar um cardápio que tem "truchas al epazote", cecina, chalupas, cemitas, tinga pobana, chiles en nogada etc. etc. etc? A felicidade é total quando a gente lê "papas a la francesa".

Mais notícias na próxima parada.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Faz falta umas rodinhas nos pés

Finalmente consegui entrar num lugar com internet na cidade do México. É muita coisa pra ver em muito pouco tempo. Aviso aos navegantes: quem quiser visitar as pirämides de Teotihuacan (foto), tem que aproveitar enquanto ainda resta algum gaz porque o negócio é punk. É muita escada pra uma candidata a "velhinha" como eu. E olha que nao fumo; só bebo minhas cervejinhas. Entrei nun cyber, mas nao tem café (acho que nao existe o acento "til", portanto, vocës verao algumas palavras diferentes. E por falar em café, descobri aqui que o café do mineiro é um expresso perto do café mexicano. Sabe aquele velho e bom chafezinho?

Ando me deliciando nos mercados aqui da Cidade do México. Sao incríveis. Tem de tudo e reflete o que o mexicano cozinha e come em suas casas. Tem muitos "moles" que sao usados nos molhos e um monte de tipos de pimentas. Todo prato vem com pimenta. Já experimentei alguns tipos. Até agora o tal de Montezuma nao se vingou em mim. Dizem os moradores daqui que é no estado de Oaxaca que tudo é muito apimentado. Um deles me disse ontem: "No sé como lo aguentan!". Só nao ri por educacao.

Emocao mesmo é entrar na casa da Frida e ver de perto a cama, aquela onde ela viveu boa parte de sua vida e fez parte de seus trabalhos. A casa tem a cara dela. Muitos objetos e cores do México. Um jardim grande e espacos amplos pra receber os amigos. A casa fica numa cidadezinha chamada Coyoacan, perto da cidade do México, e tem a cara da nossa Embu das Artes. Os murais do Diego merecem um post a parte.

Na proxima parada conto um pouquinho mais. Agora vou bater perna.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Caderninho de viagem

Na última postagem falei que minha mãe anotava num caderninho (em japonês) as receitas de diversos doces. Eis que no sábado, uma amiga querida me presenteou com um caderninho pra levar para o México. Fiquei muito feliz, porque tenho o hábito de anotar coisas nas minhas viagens. Registro coisas gostosas que vejo, como, bebo, leio. Faço desenhos de árvores, pássaros, montanhas, copio riscos de bordado. Algum tempo depois, revendo as anotações, refaço a viagem. É ótimo.
Antes de viajar, o caderno já tem uma colagem. É a capa do livro com fotos e receitas preferidas da Frida Khalo, escrito pela filha do Diego Rivera. A indicação é de uma amiga com quem vi a edição americana que é linda. Vou tentar encontrar a edição em espanhol.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

As latas de minha mãe

Minha mãe veio de Hiroshima em 1938, casou com meu pai no sistema do miai (casamentos arranjados entre famílias) e teve 10 filhos. Na roça, em contato com outras mulheres que já estavam no país há mais tempo, ela aprendeu a usar os ingredientes locais e a fazer doces. Muita coisa aprendemos com ela, mas a maior parte de suas anotações, feitas num caderninho, não consegui recuperar enquanto ela estava lúcida.

Dois doces ficaram na lembrança: a maria-mole e o pudim de lata. Pudim de lata? Isso mesmo: ela misturava os ingredientes e colocava tudo dentro de uma lata de sorvete redonda e alta, caramelizada. Depois de tampada, era levada a cozinhar em panela fechada. Só era aberto depois de frio. Pra fazer a maria-mole ela usava uma lata quadrada de biscotos. Não lembro se era Duchen. Ficava aquele quadrado branco coberto com coco ralado. Dá até água na boca!

Hoje bateu o saudosismo. Ela tá travando uma batalha enorme, se alimentando com uma sonda até que recupere sua saúde. Será que em algum cantinho da memória ela ainda guarda essas delícias que ela fazia?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Alma gorda x alma magra

Passei pra conhecer a livraria/espaço Leia Mais do Carlos Furlan que fica na esquina da Monte Alegre com a Itapicuru e encontrei um livro que pode interessar a muita gente. Em Exorcize sua alma gorda, Andréa Cordoniz dá a maior dura naqueles e naquelas que como eu vivem arrumando desculpas esfarrapadas pra se manter acima do peso, pra adiar o começo da dieta etc. Ela lista as bobagens e as gracinhas que gordos disparam pra justificar seu estado físico e faz uma comparação do pensamento da alma gorda e da alma magra. Pô, ela não deixa

pedra

.

sobre

.

pedra

E manda um recado pras casadas: cuidado! seu maior inimigo pode ser seu próprio marido, segundo a autora. Uns mentem sobre sua aparência, outros dão caixas de bombons de presente, outros ainda se metem a gourmet caseiro e capricham nos ingredientes que engordam como manteiga, cremes, molhos etc.

Bom, restou pouco pra gordinhas e gordinhos de plantão.

Ainda bem que não fiz promessa de fazer dieta em 2008! Vou continuar dando minhas desculpas pra manter a cervejinha amiga e ser feliz.

¡Que viva México!


Meu nome é México! Pois é, ando a toda, lendo e vendo coisas sobre o país que vou visitar em breve. E uma das coisas mais lindas que vi recentemente foi ¡Que viva México!, dirigido pelo mesmo Eisenstein do Encouraçado Potenkin. Numa co-produção União Soviética/Estados Unidos/México, o filme foi rodado em 1931-32, porém levou uns 40 anos pra ser editado e lançado no mercado. Grigory Alexandrov, que assinou o roteiro junto com Eisenstein, foi o responsável pela edição e trouxe à tona imagens lindas sobre as tradições, os costumes e a fibra do povo mexicano. O filme tem quatro episódios – Maguey, Fiesta, Soldadera e Sandunga -, e um epílogo Dia de muertos, que mostra a dualidade vida e morte.

Enquanto assistia ao filme, não pude deixar de pensar em Intolerance, feito por Griffith em 1916, que também é de uma riqueza de imagens e de recursos cinematográficos impressionantes.

Fica a sugestão aos amantes do cinema: ¡Que viva México! é maravilhoso. Vale a pena ver. Ou rever.